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Trabalho mostra eficácia e ética do agente comunitário

Agência Notisa - 21 de dezembro de 2004 - 07:44

Os agentes comunitários de saúde são pessoas que estão constantemente em contato com moradores de um determinado local. Geralmente eles moram na mesma comunidade ou em áreas próximas. Como não são formados em ciências médicas, esses profissionais são responsáveis por auxiliar as equipes e repassar o que lhes foi revelado. No entanto, todos devem seguir determinadas condutas éticas e saber onde está o limite da privacidade das pessoas, e a maioria segue respeita essas condições. Isso é o que mostram Paulo Fortes e Simone Spinetti, da Universidade de São Paulo em estudo realizado com equipes do Programa Saúde da Família que atuam nos distritos de Santo Amaro e Cidade Ademar (SP).

De acordo com artigo publicado na edição de setembro/outubro de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, o agente comunitário vive o cotidiano da comunidade com maior intensidade do que os outros membros da equipe de saúde: “por ter maior proximidade com o usuário, por habitar o mesmo bairro, e ainda, por adentrar freqüentemente ao domicílio do usuário, é importante que se estabeleçam novas relações no tocante às informações pessoais sobre a saúde individual e familiar, garantindo a privacidade daqueles com quem o agente se relaciona na comunidade”.

No estudo, os pesquisadores entrevistaram, em agosto de 2002, 35 integrantes das equipes de saúde, entre eles médicos, enfermeiros e agentes. Paulo e Simone constataram que todos os membros da equipe mostraram fortes preocupações com o direito dos usuários à privacidade das informações. Segundo eles, “parece ser consensual entre profissionais e gerentes das equipes estudadas que limites devam ser estabelecidos para o agente com relação ao acesso a determinadas informações pessoais dos usuários, como as que se referem ao diagnóstico de doenças, sobretudo as que podem trazer algum grau de estigmatização e/ou discriminação negativa para os usuários, como HIV/AIDS e transtornos mentais”.

Eles verificaram, contudo, que o freqüente contato dos moradores com o agente resulta, muitas vezes, em uma relação de intimidade, fazendo com que eles revelem aspectos íntimos de suas condições de saúde e até mesmo de sua vida pessoal. Nessas situações, eles observaram que os agentes ficam em dúvida se devem ou não repassar a informação para o restante da equipe.

De qualquer forma, Paulo e Simone ressaltam que a presença do agente contribui bastante nas relações com os usuários do sistema público de saúde, uma vez que, além de auxiliarem as equipes, eles ajudam os moradores. Segundo os pesquisadores, às vezes, as pessoas necessitam de amizade, carinho e atenção, e os agentes acabam suprindo essas necessidades.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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