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Trabalhar ao ar livre triplica o risco de câncer de pele, diz novo estudo

180 Graus - 14 de maio de 2016 - 09:30

Após cinco anos de trabalho, profissionais que realizam suas atividades ao ar livre têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de pele do tipo não melanoma, quando comparados a outros trabalhadores. A conclusão é de um estudo publicado recentemente no periódico cientifico Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology.

Esse tipo de tumor é o mais comum entre os tipos de câncer de pele e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. "O câncer de pele não melanoma virou uma epidemia e a grande preocupação é que, nos últimos anos, a incidência na população jovem, na faixa dos 30 anos, aumentou muito devido à maior exposição ao sol desde cedo e ao fato de termos muitas pessoas com pele clara em um país tropical, como o Brasil.", diz Alexandre Filippo, dermatologista e presidente do Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

Os pesquisadores concluíram também que ficar exposto diariamente ao sol triplica o risco de quetarose actínica, uma lesão causada por dano solar que pode levar ao câncer - entre 40% e 60% dos tumores começam por causa de queratoses mal tratadas.

"A queratose actínica aparece principalmente em áreas expostas, como rosto ou braço, de pessoas com pele clara e é considerada uma lesão pré-cancerosa, pois pode se tornar um câncer de pele. Por isso é muito importante utilizar protetor solar diariamente e, quando estas lesões aparecerem, realizar o tratamento adequado", conta o médico.

As lesões da queratose se assemelham a "verrugas" vermelhas e ásperas, que descamam, mas nunca somem. Entre as opções de tratamento estão a crioterapia, a eletrocirurgia e, o mais comum, o uso de medicamentos tópicos. "O grande problema dos medicamentos é a duração e os efeitos do tratamento que deixam os pacientes com o rosto vermelho e machucado de um a dois meses.", explica Filippo.

Pesquisadores do Ambulatório de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP realizaram um estudo comparando a tolerabilidade e a segurança de dois medicamentos tópicos contra queratose actínica da face: mebutato de ingenol (tratamento novo) e o 5-fluorouracila a 5% (tratamento padrão).

Participaram do estudo 100 pacientes que foram divididos em dois grupos: o primeiro aplicou o mebutato de ingenol, uma vez ao dia durante três dias consecutivos e o segundo utilizou o 5-fluorouracila a 5%, duas vezes por dia, durante quatro semanas. Ambas as formas de uso são as indicadas nas bulas dos medicamentos.

Os resultados mostraram que, embora os dois medicamentos tenham segurança semelhante, o tratamento com o mebutato de ingenol se mostrou superior por ter menor duração, o que, por sua vez, também significa reações cutâneas locais menos duradouras. Nestes pacientes os efeitos do tratamento, como vermelhidão e rosto machucado, desapareceram em 15 dias, enquanto naqueles que utilizaram o 5-fluorouracila a 5%, duraram 43 dias.

"Ambos os medicamentos já têm a eficácia comprovada, ou seja, os dois tratam de forma eficaz a queratose actínica, por isso não analisamos este critério no estudo. As únicas diferenças são o mecanismo de ação e a posologia, por isso focamos na segurança e na tolerabilidade. No geral, os resultados foram bem parecidos. A diferença ficou mesmo no tempo do tratamento, que faz com que o mebutato tenha, devido ao menor tempo de uso, uma posologia mais fácil para o paciente e que os efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento desapareçam mais rápido.", diz Luciana de Paula Samorano, uma das líderes do estudo e dermatologista da Divisão de Dermatologia do HCFMUSP.

Prevenção - A melhor forma de evitar estas lesões e o câncer de pele em geral é protege-se contra a radiação dos raios ultravioletas (UV). Isso pode ser feito por meio do uso - e da reaplicação - constante de filtro solar, dar preferência a roupas coloridas ou escuras e longas (calças e camiseta de manga comprida) e o uso chapéu.

Devido ao significativo aumento do risco de câncer de pele nestes profissionais, um grupo de especialistas está batalhando para que as duas condições - câncer de pele não melanoma e a quetarose actínica - sejam reconhecidas como doenças ocupacionais. As discussões já chegaram ao Parlamento Europeu, mas o assunto ainda não foi debatido.

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