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Timão joga contra Pirambu; conheça a história da cidade

cinform municipios - 21 de fevereiro de 2007 - 08:28

Nada mais sugestivo para uma cidade nascida de uma colônia de pescadores do que ser batizada com o nome de um peixe. E é exatamente o que acontece com Pirambu, cidade a 76 quilômetros de Aracaju, que foi denominada em homenagem a esse peixe bastante comum na região. O município, antes chamado de Ilha, é um dos maiores centros pesqueiros do Nordeste e também possui belas praias.

Há informações de que a povoação começou a ser habitada em 1911, inicialmente por índios e depois por pescadores que exerciam a atividade nos rios Pomonga e Japaratuba, e no Oceano Atlântico, que banha a cidade.

As primeiras casas rústicas, todas de palha, foram construídas no início do século passado, quando os habitantes, seminômades, passaram a se fixar no local, produzindo também a agricultura de subsistência. Nessa época eles sobreviviam com o comércio feito através da troca de produtos que, além da pesca e da agricultura, incluía também a caça.

Segundo os antigos moradores, o frei Fabiano veio do convento Santo Antônio, na Bahia, para explorar o território entre as barras dos rios Japaratuba e São Francisco. Ele encontrou na povoação apenas cinco casas. Havia também as palhoças dos pescadores Pedro Alexandre, Pedro Bevido, João Francisco do Nascimento, Manuel Demeriano e Pedro Maconha - este último que teria pescado o peixe que denominou a cidade.

Foi em 1911 que José Amaral Lemos comprou as terras pertencentes anteriormente a Manoel Gonçalves, onde instalou uma casa de comércio. No dia 30 de novembro ele fundou a colônia de pescadores, existente até hoje, entidade que representa os pescadores. Já o Condepi, que representa os donos de barcos, só foi criado em 1986.

Em 1912, com a ajuda do senador Gonçalo Faro Rollemberg, foi construída a igreja. Logo depois, ele trouxe da França a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, que se tornou a padroeira da comunidade pesqueira. Foi a partir daí que a colônia passou à condição de vila.

Após a morte de José Amaral Lemos, seu filho Walter Amaral vendeu as terras a Lourival Bomfim. Já em 1934, Pirambu era o principal pólo turístico de Japaratuba, antiga sede dessa vila, que passou à condição de povoado assim que Japaratuba emancipou-se de Capela.

LUTA PELA EMANCIPAÇÃO

Com a chegada do advogado Euzápio Linhares na localidade, por volta de 1950, e o incentivo de habitantes mais influentes, iniciou-se a luta pela emancipação. Uma peça fundamental nessa luta foi o ex-deputado Nivaldo Santos, responsável pelo projeto de lei, aprovado em 26 de novembro de 1963.

O município ficou constituído pelos povoados Aguilhadas, Lagoa Redonda, Anhingas, Marimbondo, Alagamar, Baixa Grande e Santa Isabel. Porém, menos de seis meses depois, o golpe militar de 64 cassava os mandatos do deputado Nivaldo e do governador Seixas Dória, conseqüentemente houve o cancelamento da lei que emancipava Pirambu.

Passada a fase tenebrosa da ditadura militar, o vereador João Dória Nascimento, de Japaratuba, que viria a ser o primeiro prefeito de Pirambu, procurou o deputado Fernando Prado Leite, então presidente da Assembléia Legislativa, e finalmente no dia 8 de agosto de 1965 o projeto foi transformado novamente em lei.

CENTRO PESQUEIRO

Pirambu é um dos maiores centros pesqueiros do Estado, junto com Aracaju e o povoado Crasto, em Santa Luzia do Itanhi. O camarão retirado no município é vendido nas feiras livres espalhadas por todo o Estado e exportado para Recife, Salvador, Maceió, Fortaleza e Natal.

O município também vem sofrendo com a destruição dos mangues, praticada pelos habitantes através de aterramentos e corte de madeira para lenha ou construção de casas. O Ibama tem feito um trabalho rígido de fiscalização por lá, tão severo que tem revoltado os pescadores.

Há uma exigência radical naquela região por causa da preservação da tartaruga marinha. Os pescadores só podem pescar a uma distância de três milhas da costa. “Isso é um absurdo. Veio uma fiscal de Maceió aqui e disse que só aqui em Sergipe tem esse limite exagerado. Lá, é apenas uma milha”, reclama o pescador Antônio Rocha da Silva, 61 anos.

Antônio disse que a situação para os pescadores está muito difícil. “A pesca já foi muito melhor. Essa proibição está acabando com o povo de Pirambu”, lamenta ele. “Do jeito que o Ibama está fazendo, não tem condições. A gente gasta com gelo, óleo e rancho, e ainda se arrisca a perder os pescados...”, reforça José Salviano Machado Neto, proprietário de barco.

Outro pescador, o Francisco Félix, 61 anos, também lamenta a situação. “Eu nunca vi lugar para perseguir pescadores como em Sergipe. A Capitania dos Portos aqui é muito exigente. A Marinha prende e multa, mas não ajuda a ninguém. Não vê que é a pesca que movimenta todo o município...”, diz.



O turismo e os recursos naturais

Apesar de a população de Pirambu sobreviver da pesca, o turismo é também ponto alto no município, onde são realizadas festas conhecidas em todo o Estado. Suas praias e a Reserva Biológica de Santa Isabel, onde está implantado o Projeto Tamar (preservação da tartaruga marinha), atrai centenas de turistas.

As areias formam dunas que são um atrativo à parte. Na Lagoa Redonda, um ponto paradisíaco da região, os turistas aproveitam as ondulações para praticar o ‘ski-bunda’ - uma variação do sandboard -, que é simplesmente descer o areal escorregando sentado.

A vegetação de Pirambu é bastante variada. Na praia predominam os coqueiros, com campos de dunas, matas de restinga e manguezal. Este último, mais conhecido como mangue, encontra-se no litoral, em solos lamacentos, onde se desenvolvem os caranguejos e os camarões.



Administrações e obras importantes

O primeiro prefeito do município, João Dória, empossado em 28 de agosto de 1965, também foi presidente da Colônia de Pescadores. Entre suas obras estão escolas e eletrificação rural, construção de estradas, Sesp (hoje FNS) e calçamento das principais ruas da cidade.

A Pirambu Pesca e o Terminal Pesqueiro foram obras importantes na consolidação da pesca no município, construídas no governo de Daniel Luís dos Santos, 1977/83. A pesca foi incrementada na administração do prefeito Marcos Cruz, com a construção do Terminal Turístico de Pirambu, existente até hoje.

O Loteamento Lourival Bomfim, onde residem cerca de 3 mil pessoas, foi construído pelo prefeito César Rocha, 1989/92. Sua administração foi marcada pelo crescimento habitacional do município. Foi no seu governo também que o Carnaval se consolidou, tornando-se um grande atrativo turístico em todo o Estado.

Um fato importante que marcou a administração da prefeita Sílvia Maria Cruz, 1993/96, foi a implantação de eletrificação. Em parceria com o Projeto Nordeste, o município foi o primeiro a eletrificar 100% dos seus povoados.



Os desafios que surgem com o novo tempo

Claudomir Tavares da Silva (*)

No início dos anos 80, a população do município de Pirambu não chegava a dois mil habitantes. Com o advento da pesca industrial, surgida a partir da ampliação da Pirambu Pesca, com a criação da Perpesca e da Calne, mais tarde vieram para cá centenas de migrantes, dos mais variados estados do Nordeste.

Foram e são pessoas que contribuíram decisivamente para o crescimento de Pirambu, nos aspectos populacional, econômico e social. Hoje somos uma sociedade multirracial, multiétnica, com as mais variadas culturas e tradições, reunidas no nosso principal ramo da economia, representado pela pesca.

Depois de 20 anos, o município enfrenta uma série de desafios, como a questão da moradia, do desemprego e de outros elementos sociais. Em termos de crescimento da cidade, Pirambu está literalmente cercado, ‘ilhado’, no que reflete na demanda de moradia para parcela significativa da população, não obstante as recentes políticas municipais voltadas para a construção de moradias populares.

No extremo norte, Pirambu está impedido de crescer por conta do limite da Reserva Biológica de Santa Isabel. Ao sul, pelo Rio Japaratuba, que separa o município de Pirambu da Barra dos Coqueiros. Ao leste, pelo Oceano Atlântico, e ao oeste, pelo manguezal e por algumas fazendas, setores que se tornaram mais vulneráveis, através da interferência do poder público, que tem tentado viabilizar a indenização de parte destas terras.

Em termos de emprego, Pirambu tem apenas três setores que absorvem um universo que se tornará limitado de mão-de-obra: a Prefeitura Municipal, a pesca e a agricultura.

A primeira não pode mais absorver mão-de-obra, uma vez que há os empecilhos legais, aliados ao quadro funcional completo. A pesca está cada vez mais saturada, não sendo mais um setor que possa acompanhar o crescimento populacional. Há uma série de problemas, que poderão a qualquer momento inviabilizar a continuidade nos termos atuais deste setor.

A agricultura, já há muito tempo não representa o grande setor absorvente de mão-de-obra, não representa ganhos que movimentem a economia local. Resta, portanto, o turismo como agente motor da economia e como perspectiva de desenvolvimento para a nossa comunidade, cujo potencial de suas belezas paradisíacas é referência estadual e até regional.

São desafios que, a cada dia, necessitam da unidade de todos aqueles que querem revitalizar a economia de Pirambu, de oferecer condições de vida à nossa população, que hoje representa mais de 7 mil pessoas.

(*) Professor das redes municipal e estadual de ensino, diretor da Escola Mário Trindade Cruz e estudante de História na UFS.



Filhos ilustres do município

João Dória - subtenente da Marinha, 1º prefeito da cidade
Marcos Lopes Cruz - odontólogo e ex-prefeito do município. * Edivaldo dos Santos - juiz de Direito
Fernando Lopes Cruz - engenheiro agrônomo
Izabel Amaral - advogada
Carlos Amaral - economista


Pirambu hoje

Região - Leste (litoral)
Distância de Aracaju - 75 km (25 km pela Barra)
População - 7.143
Atividades econômicas - Produção de coco (exportado para o Sul e Sudeste do país); mandioca, mangaba (um dos maiores produtores do Estado, ao lado de Aracaju e Estância); pesca de camarão, que movimenta praticamente toda a economia do município; turismo; extração de petróleo e areia para construção de casas.



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Texto: Edivânia Freire
Fotos e reproduções: Diógenes Di e Edson Araújo
Fonte: Pesquisa do professor Claudomir Tavares da Silva, feita com a colaboração dos alunos da Escola José Amaral Lemos.

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