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Geral

Terezinha Tagliaferro: Namorado por correspondência

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 28 de setembro de 2010 - 07:33

HISTORIA DE VIDA COMUM


Quando eu conheci essa minha amiga Silvana, ela ja correspondia com um moço que morava em S.Paulo, na capital.Naquele tempo nao existia internet e a moda era se conhecer por correspondencia.Minha amiga ja tinha mais de 30 anos e ainda era solteira porque como eu ja lhes contei na historia passada, ela morava com a mae.Todos os namorados que ela arrumava a mae colocava defeito e os anos foram se passando.
Ela recebia todas as semanas uma carta do tal moço e precisavam ver que cartas...muito bem escritas, romanticas, uma caligrafia maravilhosa.Além disso volta e meia ele enviava um disco orquestrado pois sabia que Silvana gostava muito desses tipo de musica.Ela ja tinha quase toda a coleçao do Frank Pourcel, enviada por ele que por sinal toda essa coleçao passou pra mim e estao ainda aqui em casa.Um outro dia lhes contarei o porque.
Silvana tambem era professora do SESI e naquele ano,1970 o SESI começou a exigir que os planos de aulas mensais deveriam ser datilografados e enviados para os diretores.Como ela nao tinha maquina estava pagando pra fazer, um dia ela falou comigo a respeito e decidimos comprar uma maquina juntas e dividir a despesa pois eu também precisava.Foi ai que ela se recordou do tal namorado por correspondencia e resolveu enviar uma carta pra ele pedindo pra ver os preços la em S.Paulo.Foi a pior ideia que apareceu....vejam no que deu:
O moço decidiu de comprar a maquina e levar pra ela,pois assim poderiam se conhecer, era uma boa ocasiao. Marcaram um domingo.Eu ainda morava na casa dela e naquele domingo levantamos cedinho pra preparar tudo.
Ela tinha 3 irmas casadas e cada uma morava numa cidade diferente e distante.Naquele domingo todas vieram passar o domingo conosco.
Ja era costume que quando as filhas vinham se preparava duas panelas enormes de \\\" charuto de repolho\\\".Voces ja comeram? E uma delicia.D.Carmem era especialista na materia.Eu aprendi com ela e todas as vezes que ela fazia eu ajudava.Naquele domingo especial eu estava ali.So que o charuto era pra janta pois eles gostavam de comer frio.
Para o almoço quando todos chegavam ja era costume também ir buscar lombinho na \\\" Churrascaria Gaucha,\\\" muito famosa na cidade.Também ja compravam a farofa, maionese e ate a sobremesa, que eram doces gelados, especialidade da casa.A familia era muito bem de vida, todos lutaram com sacrificio mas venceram na vida.
Ja eram 10h. e estavamos todos ali esperando o Carlos Augusto, este era o nome do fulano.E nada de chegar.Parecia até sala de espera de hospital, quem caminha pra la, outro pra ca. Ainda bem que ali ninguém fumava....
No fim parou um taxi.Ai voces podem imaginar a curiosidade...cada um procurava o melhor lugar pra espiar sem ser visto, é logico.Dai a pouco a sobrinha dela ja solta uma bela risada....ela explicou que o Carlos Augusto estava sentado no taxi, numa posiçao impecavel, de terno e gravata com a maquina de escrever no colo.
Silvana foi recebe-lo e ninguém saiu pra fora pra deixa-los mais a vontade.Carlos Augusto estava todo prosa, mas a alegria dele durou pouco ao ver, chegando na porta da sala, todo aquele povo sentado ali, esperando por ele.Ele perdeu o rebolado.Mas gente, voces nao fazem nem idéia de como o cara era feio.Ele sentou-se numa cadeira e ali ficou sem saber o que fazer.O pessoal tentou deixa-lo a vontade, chegaram até a sair apos o almoço.Fomos todos tomar sorvete e assim ele pode ficar conversando com minha amiga.
A mae estava perturbada e era visivel o seu nervoso.E o medo que a Silvana se casasse...Silvana havia sido noiva de um militar graduado...pensou a mae...era melhor nao ter dado palpite, vai que agora ela decidi de casar com esse que de profissao faz o alfaiate....bom... ao menos sabe costurar...ja è alguma coisa .....
Bom,tomamos sorvete, fizemos um belo giro pela cidade e voltamos.Ja eram 17h. e o Carlos nao falava nada de comprar a passagem de volta e todos sabiam que no domingo a noite os onibus estariam lotados para a capital.E ja começaram a questionar Silvana....Que horas que ele vai embora? Ele ja comprou passagem? Nao é que ele esta pensando que vai dormir aqui, né? E assim por diante...Silvana ja tinha percebido que o pessoal nao tinha gostado, mas poxa vida...Quem tinha que decidir isto era ela....até entao ela estava chateadissima porque ela queria pagar a maquina e ele nao queria receber.Ela ja sabia que todo o romance acabaria naquele dia.Na verdade nao era o tipo dela.As cartas eram escritas por um amigo dele.Ja por ai a coisa começou errada.Num relacionamento, mesmo que seja passa-tempo tem de ser autentico, nao se pode brincar de \\\" fazer de conta\\\"....Um dia tudo vem a tona, tudo é descoberto e so procuramos dissabores.
Apos o jantar ele disse que precisava chamar um taxi porque ele tinha a passagem comprada para as 22h. um pouco tarde, né? Falta de experiencia.....
Nem é preciso lhes dizer que minha amiga ficou decepcionada com todo o acontecimento.Depois foi que começamos a refletir.O erro foi ter tanta visita naquele dia.Esses tipos de encontro nao pode ser feito assim.A melhor coisa seria se encontrar num jardim para bater um papo ou num restaurante porque nao gostou, esta fora de casa, arruma-se uma desculpa e vai embora, nao é mesmo?
Bom, hoje em dia, a coisa é bem diferente, mas è também bastante perigosa.ja tenho ouvido muitas historias de encontro em internet cujo final é tragico, portanto toma suas precauçoes.Duvidar é falta de fé, mas nao è pecado mortal, portanto é melhor ter duvidas do que confiar demais, nessas situaçoes.Seja esperto.Confio em voce.

Terezinha de Jesus Tagliaferro

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