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Terezinha Tagliaferro dá mais detalhes do afidamento

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 21 de dezembro de 2009 - 16:30

A brasileira Terezinha Tagliaferro, que reside em Malta, escreveu um artigo sobre AFIDAMENTO em Malta. Lá não se faz adoção. Repercutiu bastante entre os leitores. Hoje, ela ouvia de Malta, a Rádio Patriarca e o comentário sobre o assunto. Resolveu então contar mais detalhes do afidamento. Leia:

Dr. Girotto,

Estava ligada na Radio Patriarca quando ouvi o senhor falar em relacao ao meu artigo.Fiquei feliz em saber que foi agradavel.
No Brasil nao existe afidamento?
Aqui em Malta o governo Maltes nao faz adocao. Isto e, pra lhe dizer a verdade, fiquei sabendo a pouco tempo, conversando com uma senhora que a irma dela adotou uma crianca da responsabilidade do governo Maltes e que era o primeiro caso.Isto so aconteceu porque a mae da crianca desistiu mesmo explicitamente.
De um modo geral, aquilo que sei, atraves da minha filha, e que todas as criancas, cujos pais tem problemas de qualquer tipo ficam sob a responsabilidade do governo e nao com a familia.Entao essas criancas sao colocadas nas creches ate que alguma familia que se interessa possa cuidar deles.Para isso a familia precisa ter 3 anos de casados e fazer um curso em relacao ao assunto.
Eu acredito que este comportamento seja o mais acertado porque se nos queremos mudar o rumo do mundo para um futuro melhor temos de educar a raiz, embora esses pequenos, sem culpa nenhuma, ja tenham vindo ao mundo com uma raiz nao muito correta.Acredito que e sempre possivel melhorar alguma coisa porque e verdade que tem uma parte congenita, mas o meio ambiente pode mudar muita coisa.Como dizia alguem : "Se conseguirmos dar uma vida verdadeira, digna de ser vivida a uma pessoa, ja estamos fazendo uma coisa extraordinaria."
Antes da crianca ser afidada a familia o Assistente Social faz um controle de tudo.Onde a crianca vai dormir, como ira ser a vida da crianca.Se a crianca deve ficar sob a responsabilidade os avos algumas horas por dia, tambem a Assistente social ira controlar como e a casa da avo, onde ela vai repousar, etc.....
A crianca continua a ver a mae natural todas as semanas por 3 horas.Os assistentes sociais trabalham como mediadores entre a mae natural e a familia afidataria.Aqui e que entra muitos problemas porque a crianca vive em 2 mundos diferentes, ao menos penso eu."Ela, desde pequena, vive no conflito interior de nao renegar a quem lhe negou uma vida normal."
Dr. Girotto, as duas criancas que a minha filha cuida nao tinham ainda sido batizadas e nos rezavamos todos os dias pedindo a Deus a graca de que a mae permitisse.Quando estive no Brasil a ultima vez, minha filha me telefonou dizendo que a mae havia dado o consentimento.Falei para meus familiares e todos quiseram ajudar de alguma maneira e assim trouxe do Brasil a roupa, sapato e tudo o necessario para tal festa.Quando retornei foi feito o batismo.Naquele dia eu chorei de dor.Veja bem, a mae natural veio, acompanhada do Assistente Social e ja chegou chorando.Abracou a todos nos da familia e agradeceu por tudo.Depois da cerimonia me cortou o coracao, ela saiu por uma porta lateral e foi pra casa. Nos fomos comemorar com churrasco e tudo mais.Eu queria a mae junto, mas nao e permitido.Sabe porque? As criancas aceitam a mae, mas na cabecinha deles tem duas realidades diferentes.
Se misturar as duas familias eles se sentem psicologicamente desistabilizados.Eles aceitam a mae natural, mas se sentem protetos quando estao com minha filha e meu genro, entendeu?
Continuando, de tanto em tanto o Assistente social vem visitar a familia afidataria e ver se tudo vai bem.Tem reunioes periodicas no APOG e uma anual onde se encontram todos as familias afidatarias e os genitores naturais.
O governo da uma ajuda mensal que e pouca, mas como se diz: " O pouco com Deus e muito."Nos, os membros da familia, fazemos tudo o que esta ao nosso alcance. As duas criancas se sentem parte da familia.Tem um bom relacionamento com os priminhos. Posso lhe dizer com seguranca que sao felizes.Tanto eu como os pais do meu genro fazemos de tudo pra que a vida seja harmoniosa e assim contribuimos pra felicidade em geral.
Dr. Girotto, tudo isto faz parte da vida, de uma vida que eu ate 3 anos atras nao conhecia e acredito que tem muita gente que desconhece.
O que posso lhe assegurar e que tudo isto enriqueceu a minha vida.Aprendi que ninguem tem nada sobrando pra dar, mas na hora que nosso coracao e tocado pra ser util nos sabemos da onde tirar e nada nos falta.Aqui acontece um milagre que e so vivendo esta experiencia que se pode entender.Afinal, ninguem e tao rico que nao precisa de ajuda e ninguem e tao pobre que nao possa ajudar.
Terezinha

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