Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sábado, 20 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Terezinha Tagliaferro conta uma experiência diferente

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 26 de outubro de 2011 - 11:39

Quem é que nunca pensou em viver uma semana sem relogio, sem radio, sem jornal, sem noticias, sem TV, afinal, sem o corre-corre do dia-a-dia? Poder acordar sem compromisso de trabalho, ter o dia todo so para si, e melhor ainda, poder acordar com o \"Kikiriki\" do galo caipira ou a sinfonia dos passaros.Voce ja teve essa oportunidade??? Pois eu, ja.
Foi umas das coisas mais interessante que ja fiz na minha vida e aquela semana jamais esquecerei.Além disso, foi como retornar a casa, relembrar da minha infancia, pois meus pais sempre viveram no sitio.Eu,vivi a minha rapida infancia com eles até meus 9 anos, depois fui pra cidade estudar.Uma das coisas que nunca esqueço foi meu primeiro despertar na cidade...que tristeza, que barulho... Era colégio de religiosas, onde naquele tempo existia internatos. O unico jeito era se adaptar, afinal nossos pais faziam tantos sacrificios, preparando nosso futuro.
Pois bem, voltamos a nossa historia.Meu marido e eu fomos convidados por um casal de amigos que possui uma fazenda \" la onde o Judas perdeu as botas\", nao tinha nenhuma cidade por perto.So nao sei explicar pra voces exatamente onde fica porque daquela regiao nao conheço nada.Tentei entrar em contato com o casal de amigos porque queria pedir mais informaçoes e relembrarmos juntos aquela semana encantada. Queria até mesmo pedir autorizaçao pra usar os nomes verdadeiros na minha historia,mas nao consegui endereço.
Pois bem, quando o sol surgiu com toda a sua potencia e exuberancia nos ja estavamos em viagem.Segundo me recordo, nos estavamos em 8 pessoas divididas em 2 potentes carros.Depois de varias horas de viagem,la pelas 12h., sol a pico, paramos no alto da montanha de onde se avistava a casa e também podiamos ouvir a algazarra dos macacos, fazendo uma grande festa nas arvores que ficavam a margem do rio.Chegamos a ver alguns, mas quando se sentiram observados, fugiram todos nos impedindo de assistir o espetaculo.
A casa era uma casa antiga,estilo de fazenda, nao muito grande, mas suficiente pra nos abrigar.O que interessava era o calor humano que existia, era poder compartilhar da mesma mesa, era dividir a experiencia do dia-a-dia entre nos.
Esta fazenda era destinada apenas para criar gado solto, nao sei muito bem a diferença, mas nao era pra gado de engorda, entao nossos amigos nunca se interessaram em construir uma outra casa ali com todo conforto, visto que eles ja possuiam uma outra fazenda, mais perto da cidade com toda a comodidade.
Tinha um casal que cuidava da fazenda e eles ocupavam um dos quartos, os outros dois dividiamos entre nos.Era o paraiso.A sala era uma varanda coberta, nao tinha portas nem janelas, assim entrava melhor o ar e se podia contar as estrelas.Essa sala servia como sala de estar nas horas de sol quente, era ali também que juntos, na maior alegria faziamos nossas refeiçoes.A cozinha era comunitaria, isto é, fogao de lenha, onde a caseira cozinhava pra nos e pra eles.
Os homens saiam de madrugada com o barco para pescar, pois na fazenda passava um grande rio.Eles iam longe.Nos mulheres nos acontetavamos de pescar as margens do rio e pegavamos muito peixes pequenos.Era uma festa.
Durante aquela semana nao faltou peixe, mas me recordo também que comi carne de cassa, so nao me recordo como se chamava o animal, mas penso que era de capivara.
Naquela semana ainda tinha uma coisa mais importante: ninguém se preocupava com dieta, com colasterol e nem com doenças futuras.Nossas refeiçoes eram uma verdadeira festa, nao faltava nada.
A terra nao era propicia pra horta, mesmo assim eles tentavam e conseguiam cultiva algum tipo de verdura.
Tinha também muita galinha e muitos ovos.
Nesta fazenda nao tinha luz elétrica,mas nossos amigos, com toda a sabedoria preparam tudo, levando barras de gelos e assim nunca faltou a bebida geladinha.Usavamos lampiao e a noite se fazia as grandes fogueiras ao clarao de lua, e assim podiamos saborear queijo assado no espeto.
Nosso horario de banho principal era antes do almoço pra aproveitar a agua quente natural, antes de dormir tinhamos de nos lavar em bacias,usando agua esquentada no fogao.
Tinha agua encanada, mas de engenharia moderna, natural.A agua vinha direta da fonte ao consumidor através do \"SISTEMA BAMBU\".Entao, iniciava a canalizaçao na fonte, passava pelo curral, onde deixava agua para os animais, depois continuava, passava pela porta da cozinha, onde tinha as pias pra lavar a louça e o tanque pra roupas, continuava indo para os chuveiros.Estes também eram de engenharia moderna, tinha paredes, mas nao teto.
Na hora do banho nao se podia lavar a louça.
A agua entrava por cima e como por milagre, na hora que tinha qualquer um tomando banho, junto com a agua ia sempre alguns vegetais ou frutas, tais como: pepino, abobora,limao, laranja, etc....era um modo de \"bagunçar\" um pouco, pois eram colocados de proposito pela turminha que esperavam a vez de tomar seu banho.
Dos chuveiros a agua continuava a ser aproveitada indo através de um \"sistema especial para os sanitarios\", de modos que era tudo automatico, a agua corria e limpava tudo, o dia todo, nem precisava ter o trabalho de dar descarga.Era tudo muito bem arquitetado.
Foi uma semana indimenticavel em todos os sentidos.Sou muito grata aos nossos amigos e sempre peço que Jesus os abençoe.
De resto desta grande experiencia se pode tirar uma conclusao: \" Pra se viver nao precisa muita coisa.\"Se nos acontentassemos de viver com aquilo que possuimos poderiamos ter certeza do ensinamento de Cristo, quando disse:\"Porque vos preocupais com aquilo que deve comer ou se vestir? Nao ves as aves do céu, elas nao semeiam e nem ceifam e no entanto vosso Pai que esta nos céus as alimenta.E como se vestir? Vede os lirios do campo, nem o rei Salomao de vestiu como um deles.
Na verdade, nos é que complicamos tudo...

Terezinha de Jesus Tagliaferro

SIGA-NOS NO Google News