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Terapia gênica vai atacar doenças crônicas circulatórias

EPharma Notícias - 09 de setembro de 2017 - 14:00

A Federação de Sociedades de Biologia Experimental reúne milhares de pesquisadores no país, trabalhando para o avanço científico e a cura de doenças. Desde domingo, cerca de 800 congressistas estão em Campos de Jordão para a sua 32ª reunião anual, que acaba nesta quarta-feira. Um dos temas que mais mobilizam a atenção dos cientistas é o que já vem sendo chamado de nova fronteira da medicina: a terapia gênica. Trocando em miúdos, consiste em introduzir genes funcionais nas células para aliviar ou acabar com a doença.

A possibilidade de alterar os genes de um paciente e salvar sua vida é o dia o dia do professor Sang Won Han, titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), doutor em bioquímica pela USP com pós-doutorado em terapia gênica pela University of Washington. Seu campo de pesquisa está revolucionando o quadro de algumas enfermidades relacionadas à circulação sanguínea que se agravam como envelhecimento: as doenças isquêmicas. Para simplificar, toda obstrução é uma isquemia. Portanto, na doença coronariana, as placas de gordura que se acumulam nos vasos e impedem a passagem do sangue provocam uma obstrução ou isquemia. O mesmo processo pode ocorrer em diferentes partes do corpo – pacientes diabéticos, por exemplo, têm risco mais elevado de sofrer obstruções nas pernas.

É aí que entra em ação o trabalho que o professor Sang e sua equipe vêm realizando: os pesquisadores têm utilizado vários genes envolvidos no processo de formação de vasos (que se chama angiogênese) para formar novos vasos, de forma a corrigir o problema causado pela obstrução. Ele explica: “as doenças isquêmicas são a principal causa de morte. Nossa pesquisa é voltada para os casos de isquemia de membros e coração e fizemos esta opção por serem tecidos musculares. Para cada um milhão de pessoas, surgem de 500 a mil novos pacientes isquêmicos todo ano. A incidência aumenta entre idosos e pacientes com diabetes, hipertensos e dislipidêmicos (com colesterol alto). A cirurgia de revascularização é o método mais eficaz, mas apenas 50% dos pacientes com isquemia crítica de membro podem ser submetidos ao procedimento, devido à idade avançada e a outras doenças existentes, as comorbidades. Como a terapia gênica para esses pacientes é realizada através de injeções de vetores nos membros afetados, o processo é simples e pouco invasivo”.

No laboratório, é criado um vetor com o gene VEGF, que estimula a formação de vasos. Em 2008, o cardiologista Renato Kalil injetou o material diretamente na região obstruída do coração de um paciente, como conta o professor Sang: “foi um caso de sucesso, porque depois dessa injeção no coração foi observada a diminuição da região isquêmica”. Novas moléculas vêm sendo testadas para também se tornarem vetores eficientes. Os estudos clínicos têm três fases e só depois de alcançar a terceira recebem o sinal verde do governo para sua comercialização. Na semana passada, o FDA, órgão dos Estados Unidos similar à Anvisa e que chancela os medicamentos, liberou a comercialização da primeira terapia gênica contra o câncer naquele país. Com isso, já são cinco medicamentos de terapia gênica aprovados no mundo.

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