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Tecnologias, internet e cloud: como isso afeta a energia elétrica?

Por Dane Avanzi - 23 de setembro de 2013 - 14:27

A biblioteca de Nínive é um dos mais importantes legados da Mesopotâmia, atual Iraque. Considerada a primeira biblioteca da história, o espaço de Nínive guardava compilações de diversos tipos de texto: cartilhas sobre o mundo natural, geografia, matemática, astrologia e medicina; manuais de exorcismo e de augúrios; códigos de leis; relatos de aventuras e textos religiosos. Todas em escrita cuneiforme, muitas bilíngues em Acádico e Sumeriano.

O escriba tinha grande status na sociedade e, a se julgar pela quantidade de plaquetas de argila encontradas em diversos sítios arqueológicos, pode-se imaginar a importância que esse povo dava para o registro escrito. O tempo passou e a escrita mudou. Se transformou em novos formatos, alfabetos e suportes. Ao longo dos séculos as pedras deram lugar ao papel e o papel cedeu lugar a uma tela de computador, tablet ou smartphone.

Os escribas, no entanto não saíram de moda, pelo contrário, se multiplicaram e passaram a escrever mais ainda e com tal frequência que o mundo digital organizou seus registros em “Redes Sociais” que armazenam cada pensamento, imagem ou foto, que além da escrita, possuem ferramentas de expressão multimídia, podendo se dar ao luxo de escolher qual a mais apropriada à mensagem. Em termos de número, hoje são produzidas e circulam mundo afora, nada menos que 3 Exabytes por dia, o que equivale a 1 milhão de Terabytes, ou ainda a toda a informação produzida pela humanidade desde a idade da pedra.

É nesse contexto, que desponta a “Big Data”, nome dado a softwares capazes de analisar informações de tudo que é publicado na rede, por assunto, categoria e até mesmo de uma pessoa específica. Tais softwares são utilizados hoje para as mais diversas finalidades. Desde mapear perfis de comportamento de consumidores até para recrutamento e seleção de profissionais. Está tudo muito bom, tudo muito bem, mas afinal de contas, como isso tudo funciona?

Basicamente, qualquer dispositivo, de qualquer tamanho, de qualquer capacidade, seja o maior servidor do planeta, seja um mero smartphone utilizado por um adolescente de 15 anos, necessita de um elemento imprescindível ao seu funcionamento: eletricidade. Segundo estudo publicado no mês passado pela National Mining Association e American Coalition Clean for Coal Eletricity, estima-se que em 2020 estarão trafegando na rede nada menos que 40 Zetabytes/ano. Para se alimentar com energia elétrica, toda essa fantástica infraestrutura cuja expansão ocorre em taxas progressivamente exponenciais, novas fontes de geração de eletricidade devem ser desenvolvidas e implementadas de modo responsável e sustentável.

Outro desafio a ser pensado é a dependência que pessoas, empresas e nações terão se mergulharem de cabeça nos serviços da “cloud”. Além das fragilidades da própria internet em si, há perigos imponderáveis decorrentes da própria energia elétrica, que mesmo pouco mais de um século de sua utilização ainda continua sendo um mistério para os cientistas. Me refiro especificamente ao campo elétrico e ao magnetismo da Terra, que muito dependem das explosões solares para se manter estável.

Em março de 1989 a cidade de Quebec, no Canadá, sofreu a ação de uma tempestade solar que ocasionou um blecaute que durou 9 horas e causou muitos prejuízos decorrentes da explosão de vários transformadores. Em 1859, houve uma terrível tempestade na Europa e América do Norte que destruiu telégrafos por onde passou. Essa era a “infra de telecomunicações” da época. Cabe a nós hoje, sabermos como usar a nuvem e manter os backups em dia para dormir tranquilo. A única certeza que temos é que em algum momento voltará a acontecer. A questão é, estaremos preparados?

Dane Avanzi é advogado, empresário do Setor de Engenharia Civil, Elétrica e de Telecomunicações. É Diretor Superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do Consumidor de Telecomunicações.

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