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SUS organiza filas estaduais para cirurgias de estômago

Sandra Luz/Campo Grande News - 02 de julho de 2007 - 18:03

Pacientes que sofrem de obesidade mórbida e não têm condições de pagar pela cirurgia bariátrica, ou videolaparoscopia, serão organizados em uma fila para a realização dos procedimentos por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). As filas serão estaduais e após as cirurgias os pacientes terão acompanhamento permanente até o resto da vida.

O procedimento é considerado o último recurso para recuperação do obeso, recurso este que Rosilaine Xavier Lima, 38 anos, está tentando não lançar mão. “Conversei com minha médica e talvez não precise”, afirmou. Rosilaine passou em dez anos do estágio que ela define como “magrinha” para o de obesa. Sem revelar o peso, ela explica que os problemas em encontrar roupas são pequenos perto das dificuldades para encaixar-se em bancos de ônibus, passar nas roletas de coletivos e enfrentar os olhares indiscretos. “Tem muita gente que olha esquisito”, lamenta.

Alternativa - Na tentativa de adiar, ou mesmo evitar a mesa de cirurgia, Roselaine procurou reeducar a alimentação. Ela aprendeu a comer melhor com a busca de auxílio para o sobrinho Gustavo, que aos 13 anos estava acima do peso. O menino é atendido no grupo TOI (Terapia de Obesidade Infantil) desenvolvido pelo Hospital Regional em Campo Grande. “Ele come tudo, mas com moderação e emagreceu. A tabela alimentar ajuda muito”, destaca.

Segundo o médico Sandro Benites, um dos responsáveis pelo TOI, 2 mil famílias já foram atendidas em 4 anos. Hoje, são três grupos de 20 pacientes que recebem orientação, mas outros 400 estão na fila esperando atendimento. O volume de crianças vítimas de obesidade é conseqüência, conforme o médico, de mudança no meio social. Em brincadeiras cada vez mais sedentárias, os pequenos gastam poucas energias e ingerem um elevado volume de calorias.

O sedentarismo é um dos motivos que leva à obesidade mórbida e à necessidade de cirurgia. Crianças como as atendidas no TOI têm apenas o tratamento de reeducação alimentar como alternativa porque ao disciplinar as cirurgias bariátricas de videolaparascopia, o Ministério da Saúde não autorizou o procedimento para quem tem menos de 16 anos.

Os jovens entre 16 e 18 anos só podem ser operados com precauções especiais. Para ter acesso ao procedimento, também deverá se enquadrar nos seguintes critérios: apresentar Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 40 kg/m². Para pacientes sem risco de morte, mas que comprovem tentativas de redução de peso, por dois anos, utilizando métodos que se mostraram ineficazes, como o acompanhamento nutricional, os exercícios físicos. É preciso, ainda, apresentar Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 35 kg/m², associado à hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, doenças articulares degenerativas ou outras doenças determinadas pela obesidade com risco de morte. Para calcular o IMC basta dividir o peso pela altura ao quadrado (IMC = peso / altura²).

A triagem e encaminhamento dos pacientes serão de responsabilidade das secretarias estaduais de saúde. Assim, cada Estado terá uma fila única. Para entrar na fila, o paciente se dirige a qualquer posto de saúde e o médico, após avaliação clínica de que a pessoa se enquadra nos critérios, encaminha-o. O paciente seguirá à unidade de saúde cadastrada que o incluirá num programa nutricional. O programa conta com acompanhamento psiquiátrico, onde a finalidade é não operar. Se não houver sucesso no acompanhamento, a cirurgia será realizada.

No País foram cadastrados 53 hospitais para realização do procedimento. Em Campo Grande, a cirurgia é feita pelo Hospital Regional e pela Santa Casa. Pacientes com risco de morte não entram no programa de acompanhamento nutricional por dois anos. Para 2007, o governo federal quer oferecer 6 mil cirurgias. O custo anual é de cerca de R$ 20 milhões para os procedimentos.

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