Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quinta, 25 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Sou mesmo é um dirigente sindical, diz presidente Lula

21 de abril de 2005 - 13:30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a uma platéia de sindicalistas em Brasília, que 'o que é mesmo é um dirigente sindical'. Após ouvir críticas das duas principais centrais sindicais sobre política de juros do governo, Lula disse que os sindicalistas precisam ser mais 'inteligentes', 'criativos' e 'propositivos'.

Lula disse que estava falando muito à vontade 'porque eu não sou presidente, eu estou presidente, e, quando deixar a Presidência, pode ficar certo, companheiro Marinho, que me verá em muitas assembléias no Sindicato dos Metalúrgicos, porque eu estou presidente, mas o que eu sou mesmo é um dirigente sindical, que acha que através do movimento sindical a gente pode dar contribuições enormes para as coisas mudarem no Brasil e em outros países.'

Lula disse que os sindicalistas se equivocarão se atuarem como ele atuava. Em evento que reuniu cerca de 300 representantes de sindicatos da América, num hotel de Brasília, Lula disse que os dirigentes sindicais não podem se limitar a 'reclamar do governo três vezes por ano'.

Os recados de Lula ocorreram em discurso improvisado durante a abertura do 16º Congresso da Orit (Organização Regional Interamericana de Trabalhadores). Antes de sua fala, o presidente teve sua política econômica contestada por CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical.

'O presidente foi eleito para as mudanças sociais, mas manteve a lógica da economia. É preciso diminuir as taxas de juros para investir mais nas questões sociais', disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. O presidente da CUT, Luiz Marinho, seguiu a linha do colega, citando a 'angústia' dos brasileiros com os juros.

Ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central aumentou a taxa básica de juros de 19,25% para 19,5% ao ano.

Respostas - Depois de ouvir as críticas, Lula partiu para o ataque. Numa fala improvisada de 38 minutos que causou lágrimas em alguns dos presentes, Lula disse que na 'história política da humanidade' nenhum governo deu tanta abertura aos trabalhadores como a sua administração, cobrou 'inteligência' e 'criatividade' dos sindicalistas e alertou os presentes que o tipo de sindicalismo dos anos 70 está 'ultrapassado'.

Para entrar no tema, citou as reformas da estrutura sindical --cujo funcionamento hoje Lula classificou como 'cópia fiel da carta de Mussolini'-- e trabalhista. 'A reforma sindical precisa ser feita, como precisamos discutir a reforma trabalhista. E discutir a reforma trabalhista não é tirar direito dos trabalhadores, é adequar a realidade do mundo do trabalho', afirmou o presidente.

Nesse momento, Lula cobrou criatividade. 'O dirigente sindical que quiser fazer, em 2005, o tipo de sindicalismo que eu fazia na década de 70, vai fazer equivocado, porque hoje o dirigente sindical tem que ser mais criativo.'

E prosseguiu: 'Eu diria até, sem nenhum sentido pejorativo à minha pessoa, que os dirigentes sindicais de hoje têm que ser mais inteligentes, têm que ser mais propositivos, porque no meu tempo era fácil ir à porta da fábrica e fazer um discurso contra a patronal, como diziam uns, contra os empresários, como diriam outros.'

Lula disse que a proposta de reforma sindical encaminhada ao Congresso saiu do 'ventre' de empresários e sindicalistas.

'Então, que ninguém saia pelo mundo dizendo que o governo está tentando impor uma reforma na estrutura sindical brasileira, essa reforma é o resultado do que os ventres dos empresários e dos sindicalistas conseguiram produzir neste país.' Na transcrição do discurso distribuída pela Secretaria de Imprensa da Presidência, a palavra 'ventre' foi excluída.

Na segunda, Lula foi homenageado pelos 30 anos de sua posse no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.


Folha Online

SIGA-NOS NO Google News