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Sou cassilandense, de coração!

Bruna Colagiovanni Girotto Fernandes (*) - 15 de julho de 2017 - 12:46

Eu mudei de Cassilândia em fevereiro de 2002, quando tinha 15 anos, para “estudar fora”. Sei que muitos jovens da cidade já fizeram isso também. Mas se eu saí de Cassilândia, esse município nunca saiu de mim. Tanto é verdade, que por todos os lugares por onde eu passei, todos que me conheceram, sabiam que eu era a garota de Cassilândia.

Sei que não sou a única a nutrir um amor por esse município, mas hoje decidi escrever um pouco sobre ele, por sempre ter feito parte da minha vida. Quando eu era criança, adorava falar que eu era a única sul-mato-grossense da família, pois eu nasci em Campo Grande, meus irmãos em São José do Rio Preto (SP), meu pai em Magda (SP) e minha mãe em Bebedouro (SP). E hoje posso dizer que minha família (marido e filhos) é 100% sul-mato-grossense.

Não sou cassilandense na certidão. Mas sou no coração!

Lembro-me de assistir a uma aula no curso de Jornalismo sobre Cultura, que a professora perguntou aos alunos quais pais que nasceram em MS. Poucos ergueram a mão. Ali ela estava explicando o tanto que a cultura sul-mato-grossense é miscigenada, formada, em sua grande parte, por goianos, mineiros, paulistas, paranaenses, além dos paraguaios e bolivianos.

Bom, voltando a Cassilândia... quando eu tinha poucos meses de vida, meus pais mudaram de Campo Grande para Cassilândia.

Hoje eu tenho 32 anos. Então, fazendo uma retrospectiva, vivi 15 anos em Cassilândia e 17 anos fora. Só em Campo Grande, já são 15 anos de estada. Mas me deixe revelar um segredo: parece que sempre estou fora de casa! Meu verdadeiro berço é Cassilândia. Mesmo há tanto tempo longe, é onde eu me localizo. O Centro, a Vila Pernambuco, o Jardim Campo Grande, a Vila Izanópolis, o Jardim Duarte, os Laranjeiras, o Bom Jesus, a Cohab, a Imperatriz, o Jardim Minas Gerais, o São Vicente. Depois que mudei, criou-se o Distrito Industrial e o Jardim Cardoso (acho que é assim que se chama).

Outro fato engraçado é sobre as diferenças existentes entre Cassilândia e Campo Grande, mesmo sendo duas cidades de Mato Grosso do Sul. E eu não estou falando da economia ou do número de habitantes. Estou falando da cultura e dos costumes.

Quem saiu de Cassilândia já se viu perguntando algumas vezes se o horário era “Mato Grosso ou Oficial”. Só fui comer chipa, em 2002, em Campo Grande. Em Cassilândia não tinha isso (à época). Foi quando vi que a cultura paraguaia não fazia parte da cultura cassilandense, mas sim as mineiras, goianas e paulistas. Cassilândia é a terra da gueirova (guariroba, palmito amargo), do churrasco com mandioca salgada (e também com açúcar), do pequi, do sotaque arrastado, de termos locais, como dar rata (dar fora), ser ridico (ser egoísta); ser custoso (ser complicado); chamar algo de “trem” (uma coisa, um objeto); e pedir para o outro “vazar” (ir embora).

Dar rata, por sinal, foi uma expressão que utilizei quando trabalhei em um escritório. Mandei um e-mail sobre uma festa surpresa e pedi para que ninguém “desse rata”. Pronto, ninguém entendeu o recado e ainda tiraram sarro disso.

O município tem defeitos? Vários. Assim como todos os outros que conheço. Mas, um dia li uma frase que se encaixa bem nessa situação: “Você pode ir para onde quiser, ver o que quiser, mas o que faz o lugar ser bom são as pessoas que vivem nele”. E que me perdoem os demais, mas os cassilandenses são gente boa demais, sô!

(*) Bruna Colagiovanni Girotto Fernandes é advogada e jornalista.

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