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Sócio da Guaranhuns não convence CPMI

Agência Câmara - 31 de agosto de 2005 - 08:56

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos confrontou nesta terça-feira as informações prestadas em depoimento do sócio da empresa Guaranhuns Empreendimentos, Interme- diações e Participações José Carlos Batista com a quebra de sigilo da SMPB, uma das empresas de Marcos Valério, acusado de ser o operador do suposto esquema conhecido como "mensalão".
Em seu depoimento, Batista afirmou à CPMI que repassou ao Partido Liberal, em 2002, R$ 4 milhões que seriam destinados ao pagamento de dívidas de campanha do PL e do PT. Segundo ele, esse dinheiro lhe foi entregue pela SMPB. Porém, os deputados José Rocha (PFL-BA) e João Correia (PMDB-AC) analisaram os documentos obtidos da SMPB e descobriram que o dinheiro repassado pela agência para a Guaranhuns totalizou R$ 6.036.742.

Valério confirma repasse
Em nota divulgada nesta tarde à imprensa, o empresário Marcos Valério também confirma que destinou R$ 6 milhões à Guaranhuns como parte dos repasses ao PL, sob a orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Segundo a nota, R$ 400 mil teriam sido por meio de TED (Transferência Eletrônica Direta) e R$ 5,6 milhões em cheques nominais do Banco Rural.
Ao ser inquirido pelos deputados, Batista foi obrigado a admitir a existência de duas contas no Bradesco, apesar de ter dito no início da reunião que a Guaranhuns só tinha uma conta no Sudameris. As contas no Bradesco, segundo os deputados, receberam depósitos da agência do empresário Marcos Valério. O dono da Guaranhuns também admitiu que a conta conjunta mantida com sua mulher teve movimentação de R$ 9 milhões em 2002.
Embora tenha confirmado pagamentos de suas empresas ao PL, Batista disse não conhecer pessoalmente Costa Neto e o ex-tesoureiro informal do partido, Jacinto Lamas, e negou-se a revelar o nome de seu intermediário nas transferências feitas à legenda. Ele também afirmou que não conhece o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Esfort Trading
Presidente da Esfort Trading, offshore sediada no Uruguai, Batista afirmou nunca ter ido àquele país. O depoente, que não fala espanhol, admitiu que pagou R$ 15 mil a um advogado para abrir a offshore. Ao deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), Batista confirmou que também não conhece os imóveis que seriam de propriedade da empresa. Ele disse ainda não saber quem é o advogado que realizou o negócio em seu nome, tampouco quem são os demais sócios, deixando clara sua atuação como "laranja". Redecker insistiu na responsabilidade do empresário sobre o negócio. "O senhor comprou a empresa, os ativos e passivos dela. Portanto, o senhor é responsável por todas as negociações", argumentou.
Já o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) questionou o fato de o depoente ter sido selecionado como procurador da empresa uruguaia para adquirir a Guaranhuns. O parlamentar destacou que, mesmo sem ter formação superior, falar inglês ou espanhol ou conhecer os demais sócios, Batista foi o escolhido. O deputado informou que pedirá a quebra de sigilo das operações financeiras realizadas por Batista na Bolsa Mercantil e de Futuros e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Remessas negadas
Batista também negou que a Guaranhuns tenha remetido 12 milhões de dólares (R$ 28,8 milhões) ao exterior, entre março e novembro de 2002, por meio de sua empresa Esfort Trading. Ele informou que só entrou para a sociedade da Guaranhuns em 2001 e, portanto, desconhece operações realizadas pela empresa em 1999, que teriam gerado prejuízos de R$ 18 milhões à Fundação Banco Central de Previdência Privada (Centrus), o fundo de pensão dos funcionários do Banco Central.
Ao deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o depoente confirmou que comprou a sociedade da empresa de Lúcio Funaro, que foi seu colega em uma corretora de valores. Ele confirmou também que as atividades da Guaranhuns foram encerradas no final de 2003, e garantiu que não conhece os sócios uruguaios da offshore Esfort.

Sigilo profissional
O relator na CPMI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), tentou saber para quem Batista operava junto à empresa Bonus Banval - organização que teria recebido repasses de dinheiro de empresas de Marcos Valério. O empresário, protegido por um habeas corpus preventivo concedido pelo Supremo Tribunal Federal, que lhe dava o direito de permanecer calado para não se auto-incriminar, afirmou que usaria esse direito e que não revelaria o nome de seus clientes por razões de sigilo profissional.
Com o mesmo argumento, ele deixou de responder ao relator quando foi questionado se a empresa Guaranhuns seria do presidente do PL. "Vou me incriminar e incriminar outra pessoa, portanto prefiro ficar calado", disse Batista.


Reportagem - Cristiane Bernardes
Edição - Patricia Roedel

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