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Severino presidiu Câmara dos Deputados por 218 dias

Rodrigo Savazoni / ABr - 22 de setembro de 2005 - 16:30

O pedido de renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE) conclui um capítulo da história política do parlamento brasileiro. O pepista foi eleito com 300 votos para a presidência da Câmara dos Deputados no dia 15 de fevereiro, aproveitando-se de uma fratura no Partido dos Trabalhadores (PT) – então a maior bancada da Câmara, que pela tradição histórica teria o privilégio de eleger o presidente da Casa – e da articulação feita pelos principais partidos de oposição (PSDB e o PFL). Sua permanência no posto mais alto da Câmara durou 218 dias.

Com 74 anos, Severino iniciou sua carreira política como prefeito de João Alfredo, interior de Pernambuco. Nos últimos 40 anos exerceu cargos eletivos. Foi deputado estadual por 28 anos e deputado federal nos últimos dez. Na Câmara dos Deputados, antes de ser eleito presidente – em um processo no qual derrotou os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (PT) –, ocupou a segunda vice-presidência e a Corregedoria por duas vezes.

Sua queda está ligada ao período em ocupou a primeira-secretaria da Casa, entre 2001 e 2002, quando o presidente da instituição era o atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Teria sido nessa época que, conforme acusa o empresário Sebastião Buani, dono do restaurante Fiorella, que fica dentro de um dos anexos da Câmara dos Deputados, Severino teria começado a cobrar propinas mensais de R$ 10 mil em troca da renovação do contrato do empresário com a Casa. O episódio ficou conhecido como "mensalinho".

Em dez anos de Câmara, Severino apresentou alguns projetos, entre eles o que proíbe a exibição de cenas de sexo e nudez na televisão no horário das 6 horas às 22 horas e o que acaba com a imunidade parlamentar para crimes comuns, garantindo a inviolabilidade do mandato apenas para crimes de opinião.

Conhecido como Rei do Baixo Clero, por sua proximidade com o grupo de parlamentares que possuem menos expressão política na Câmara dos Deputados, o pepista se elegeu para presidente com uma plataforma que incluia promessa de aumento salarial para os deputados. Outro ponto central de seu discurso era a defesa de maior autonomia do Legislativo em relação ao Executivo, com prioridade para projetos de iniciativa parlamentar.

Com a renúncia, Severino se livra do processo de cassação que vinha sendo movido contra ele por vários partidos, entre os quais o PSDB, o PFL e o PT. Garante, portanto, o direito de ser eleito novamente nas eleições de 2006.

Em seu discurso de despedida, realizado na tarde desta quarta-feira, além de anunciar sua renúncia, Severino profetizou: "Voltarei. O povo pernambucano, mais uma vez, não me faltará. Minha querida João Alfredo e os outros municípios de minha base não me faltarão".

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