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Setor lácteo revive quedas de cinco anos

Famasul Notícias - 07 de setembro de 2005 - 14:46

O recuo de 10% dos preços do leite pagos ao produtor é o maior dos últimos cinco anos, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq-USP). Desde novembro de 2000 que a queda não era tão grande. O motivo para o susto que os produtores tiveram ao receber pelo leite em agosto, referente às entregas de julho, é o aumento efetivo da produção nacional.



O crescimento por volta de 11% das exportações de leite acompanhado por diminuição de 45% das importações - frente a junho - chegou a amenizar o total disponível ao mercado interno, mas o acréscimo de quase 12% do volume de leite captado em julho, na média dos sete principais estados produtores, teve mesmo forte impacto sobre as cotações em todo o País. Na média de agosto, o leite tipo C esteve em R$ 0,5088/litro, contra R$ 0,5675 em julho e R$ 0,5930 em junho. As quedas acentuadas dos dois últimos meses fizeram com que a média de agosto se tornasse semelhante ao valor deflacionado de maio/04 (deflação pelo IPCA, julho/05), o que significa perda de todas as elevações conseguidas nos últimos 15 meses.



Os preços do leite vêm se recuperando desde março do ano passado, e isso têm motivado investimentos na atividade, além de atrair "novos produtores". O resultado é mais oferta desses "novos no mercado de leite" e também ganho de produtividade - tanto em litros por hectare quanto em litros por vaca - daqueles tradicionais no setor, o que representa muito mais leite à disposição nos laticínios/cooperativa. Mesmo com a estiagem de junho e julho em várias regiões, produtores conseguiram sustentar o crescimento do volume. A indústria processadora, por sua vez, enfrenta dificuldades em bancar tamanho aumento de produção e também para manter estoques de lácteos, uma vez que o custo do capital é muito elevado.



A oferta de processados (quejos, leites, iogurtes, manteiga) no mercado atacadista, acaba, então, crescendo com a sazonalidade da oferta de leite do produtor. Isso tende a pressionar as cotações desses produtos - de fato, os preços no atacado já estão em queda - e a realimentar as quedas de preços do setor. Uma das alternativas para evitar essa situação poderia ser a concessão de crédito a laticínios/cooperativas para que pudessem administrar seus estoques. Estudos de transmissão de preços feitos pelo Cepea mostram que, muito provavelmente, uma sustentação dos preços de lácteos seria transferida também para o produtor. Isso se daria, sobretudo, pela concorrência que existe "por produtores", mesmo em época de aumento da oferta. É preciso notar ainda que, em agosto, vários laticínios já aumentaram suas ofertas de leite em pó e manteiga com vistas à demanda da indústria de alimentos que eleva a produção de sorvete e panetone no final do ano. Isso pode sinalizar que, nos próximos meses, as quedas podem ser amenizadas por essa diminuição dos estoques de alguns derivados.



A verdade é que, neste ano, a safra começou mais cedo e muito mais intensa. No ano passado, o período de safra foi de setembro a janeiro deste ano, com o valor médio recuando cerca de 7% em todo o período. Neste ano, contudo, somente em julho e agosto, os preços já caíram 14,2%. Na média dos sete principais estados produtores, o volume de leite captado em julho aumentou 11,8%. No Rio Grande do Sul, onde as chuvas foram abundantes em junho/julho, a oferta cresceu expressivos 20%; em Goiás, o aumento foi de 16% e em São Paulo 13%.



Na Bahia, produtores ofertaram 9,5% a mais em julho, mas os preços, neste estado, se mantiveram praticamente estáveis. Esse comportamento atípico reflete a ação do governo Federal, atreavés do programa Fome Zero. Essa iniciativa paga R$ 1,00 por litro de leite pasteurizado, sendo R$ 0,50 destinado ao produtor e R$ 0,50 ao laticínio.

Autor:
Assessoria de Imprensa CEPEA

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