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Setor industrial descarta risco de pressão inflacionária

Sabrina Craide /ABr - 17 de março de 2008 - 22:00

Brasília - A indústria está fazendo a sua parte para evitar que um desequilíbrio entre a produção e a demanda por consumo no país possa ocasionar um aumento inflacionário, de acordo com o gerente do Departamento de Economia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), André Rebelo. Segundo ele, os investimentos do setor na ampliação da oferta estão em um patamar inédito nos últimos 20 anos.

“A indústria vem investindo bastante, o crescimento da produção de bens de capital no ano passado foi de 19,5%, temos um crescimento forte da importação de bens de capital também. Isso tudo está fazendo com que se expanda a capacidade de produção industrial”, afirma. Para ele, a preocupação com a volta da inflação não é real. “Ainda não estouramos meta de inflação e a capacidade produtiva está se expandindo”, diz Rebelo.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é preciso ter cuidado para que o consumo não cresça mais do que a capacidade produtiva do país, para evitar a volta da inflação.

O professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli acha que a preocupação com a volta da inflação é exagerada. Ele reconhece que o consumo vem se elevando em uma proporção maior que o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), mas considera que os investimentos cresceram em uma proporção ainda maior. “Não há nenhuma iminência de um colapso ou de dificuldades insuperáveis”, avalia.

Ele lembra também que o Brasil tem um grau de abertura de comércio exterior muito maior que no passado. “Então, sempre temos a possibilidade, de através das importações, enfrentar essas dificuldades que possamos vir a ter em matéria de suprimento de matéria-prima e insumos, de modo que não há indicação de que por qualquer razão estejamos perdendo o controle da inflação”.

Para Piscitelli, a maior causa para o aquecimento da demanda é o que considera “uma certa liberalidade na concessão de créditos”. Segundo ele, é preciso ter mais critério na concessão de financiamentos. “Acho que com alguns ajustes no crédito, algum tipo de aperto, como medidas que disciplinem e tornem o crédito um pouco mais seletivo a gente possa reduzir algumas pressões localizadas”.

Já o economista Elder Linton Alves de Araújo diz que a preocupação com a volta da inflação deve ser monitorada o tempo todo. “A produção deve ser compatível, porque se o consumo cresce e não há investimentos, isso vai gerar uma pressão de demanda. Quando a quantidade de produtos e serviços é menor que a demanda, há uma pressão inflacionária”, explica.

Ele reconhece que os investimentos têm sido fortes, mas alerta para o perigo de a demanda crescer ainda mais. “A preocupação é que normalmente a demanda corre mais rápido que a oferta. Agora, isso não quer dizer que é algo descontrolado, pelo contrário, há toda uma preocupação de que em havendo um espaço de continuidade de crescimento do país, haja continuidade dos investimentos”, afirma.


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