Associar uma cor a um mês tem sido uma boa estratégia para difundir importantes campanhas de saúde. E setembro, além de amarelo – que alerta para a prevenção ao suicídio – também assume a cor verde para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e de tecidos. O mês foi escolhido pelo Ministério da Saúde porque dia 27 de setembro é o Dia Nacional da Doação de Órgãos.

Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Central Estadual de Transplantes de Goiás (CET), tem realizado parcerias com instituições para conscientizar o cidadão. O Governo de Goiás, como incentivador das campanhas de saúde promovidas pelas organizações públicas, tem apoiado as ações do Setembro Verde para despertar a sensibilidade da sociedade para a doação de órgãos e tecidos.

Doação ainda enfrenta mitos
A gerente de transplantes da Central Estadual, Nathália Carolyne Mendonça, explica que mesmo com as ações rotineiras da equipe junto à população, ainda existem crenças erradas acerca do tema. “Infelizmente as pessoas ainda cultivam mitos sobre doação de órgãos, principalmente relativos à desconfiguração do corpo, impossibilidade de velório com caixão aberto para quem é doador, tráfico de órgãos, e há uma grande dificuldade em compreender o diagnóstico de morte encefálica e o estado de coma em pacientes”, pontua.

Mesmo com um trabalho intenso de conscientização coletiva e individualizada, com atendimento pessoal às famílias, a gerente revela dificuldades quando o assunto de doação antecipa a confirmação do diagnóstico de uma morte encefálica, por exemplo, e gera nas famílias medo e insegurança.

“As pessoas sentem medo de não haver o investimento em salvar a vida do seu ente. Há ainda a dificuldade em compreender que a morte encefálica equivale à morte, mesmo que algumas funções orgânicas estejam mantidas por medicamentos e aparelhos. Essa desinformação e despreparo de alguns profissionais que lidam com os protocolos, no fato da antecipação de algumas informações e às questões dos mitos e culturas acabam dificultando este trabalho” diz.

Fila de transplantes
O trabalho da CET tem sido realizado para aumentar o número de transplantes no Estado para diminuir a fila de pessoas que esperam um órgão na luta pela sobrevivência. Segundo levantamento da Central, de janeiro a agosto deste ano, foram efetivados 602 transplantes de tecidos e órgãos como fígado, rim, córneas e medula óssea. Por outro lado, até a primeira quinzena de setembro, pelo menos 520 pessoas estavam na fila aguardando um órgão. A maior fila é para um transplante de rim em Goiás: 235 goianos aguardando.

“A doação de órgãos é o maior gesto de filantropia com o próximo. A única possibilidade de ressignificar a morte, tendo a possibilidade de salvar pessoas que estão na fila aguardando o transplantes e dar a elas uma melhor qualidade de vida. Hoje pode ser um desconhecido numa fila de espera, amanhã pode ser qualquer um de nós”, enfatiza a gerente de transplantes.

A técnica de enfermagem aposentada Marlene Costa Silveira (foto) é um exemplo de superação. Depois de dois anos aguardando na fila de transplante por um rim compatível, o filho Rafael sugeriu doar um dos seus dois rins. Viúva e com 61 anos, Marlene recebeu o órgão do filho em agosto de 2018, no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG).

Emocionada, a mãe conta que o filho sugeriu a doação do órgão saudável desde o início, mas ela tentou resistir. “Quando soube que meu problema só teria solução com um transplante, fiquei triste, mas não desisti. Todos os meus irmãos se dispuseram a doar, mas não tivemos compatibilidade. Meu filho ficou o tempo todo me sugerindo ser o doador. Depois de pensarmos muito, resolvi aceitar e deu tudo certo e hoje estamos bem. Agradeço muito ao meu filho que um dia eu dei a vida e hoje foi ele quem me devolveu”, relata.

Ações no Setembro Verde
A Gerência de Transplantes tem atividades ao longo do ano em escolas, comunidades, universidades e demais instituições com o objetivo de levar informações, desmistificar e esclarecer dúvidas sobre o tema. Desde o dia 3 de setembro, a CET promove várias ações de conscientização para a doação.

Durante todo o mês estão sendo realizadas Campanhas e Palestras nas universidades e escolas; blitz em locais públicos para panfletagem; e ainda uma exposição fotográfica com pacientes transplantados no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e no HGG. Além disso, as fachadas de prédios – públicos, privados e filantrópicos – receberam neste mês, uma iluminação na cor verde para enfatizar o mês da Doação de Órgãos e Tecidos

Para fechar o mês, a Central de Transplantes realiza na próxima sexta-feira (27/09) o Workshop em Doação de Órgãos e Transplantes. Será na Escola de Saúde de Goiás (Rua 26, s/n, Bairro Santo Antônio), das 8 às 12h30, e é aberto a estudantes e profissionais da Saúde.