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Serviço de inspeção de carnes comete erros de avaliação

Agência Notisa - 30 de outubro de 2007 - 07:27

Pesquisa mostra que fígados com lesão foram liberados para consumo humano e que vários órgãos condenados foram rejeitados de forma desnecessária, causando perdas econômicas importantes.



Os critérios para condenação e liberação de órgãos submetidos ao serviço oficial de inspeção de carnes têm sido controversos. Argumenta-se que órgãos que não apresentam lesões macroscópicas visíveis podem ainda assim apresentar alterações microscópicas; por outro lado, órgãos rejeitados durante exame macroscópico podem revelar-se normais ao exame histológico. Com o intuito de estabelecer as principais razões para a condenação de fígados bovinos na rotina de inspeção de carnes do Serviço de Inspeção Animal do Estado de Santa Catarina e detectar possíveis etiologias associadas às lesões que levaram à condenação, Ricardo Mendes e Celso Pilati, da Universidade do Estado de Santa Catarina, avaliaram os 334 fragmentos de fígados por meio de exame histológico.



O estudo foi conduzido durante a inspeção de rotina em frigoríficos comerciais. Os fígados de bovinos foram divididos em dois grupos: condenados e não-condenados, de acordo com os padrões de Serviço de Inspeção Animal do Estado de Santa Catarina. De acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2007 da revista Ciência Rural, “uma grande dificuldade enfrentada pelos inspetores oficiais em estabelecimentos de abate tem sido relacionada à segurança em diagnosticar as diversas enfermidades e, em seguida, estabelecer o destino apropriado e confiável para as carcaças e vísceras desses animais”.



Os resultados mostram que as razões para condenação pelo serviço de inspeção foram: telangiectasia, fasciolose, abscessos, manchas claras e irregulares, aderências entre fígado e diafragma, fígado amarelo e friável, pontos claros ou escuros e nódulos. Os pesquisadores observaram que houve denominação incorreta de lesões no grupo de fígados condenados, como por exemplo, "icterícia hepática", no caso de fígados amarelados (degeneração gordurosa), o que pode, segundo eles, levar ao armazenamento de dados errados que induzam a conclusões ou diagnósticos falsos. Além disso, os especialistas constataram a ocorrência de lesões inflamatórias no grupo de não-condenados, “o que indica erros no julgamento na linha de abate em decorrência do exame superficial do órgão, demonstrando a necessidade de revisão dos métodos de julgamento praticados pelo serviço de inspeção”.



Dessa forma, a equipe conclui que existem incongruências na rotina de inspeção de carnes do Serviço de Inspeção Animal do Estado de Santa Catarina, uma vez que as alterações microscópicas observadas em 27% dos fígados não-condenados não foram detectadas pelo exame macroscópico e, assim, órgãos com lesão são liberados para consumo humano. Por outro lado, vários fígados do grupo condenado foram rejeitados de forma desnecessária, causando perdas econômicas importantes. ”Há a necessidade de uma readequação no regulamento de inspeção, pois fígados com aderência ao diafragma não apresentaram reação inflamatória aguda, podendo ser destinadas ao consumo. Em certos casos, o inspetor age com demasiado rigor condenando totalmente o órgão, levando a perdas econômicas, quando poderia condená-lo parcialmente, como na presença de um abscesso único”, destacam Mendes e Pitali no arquivo.



Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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