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Serasa: Negócios crescem mais que inadimplência

Paulo Montoia / ABr - 25 de setembro de 2005 - 10:09

A expansão do crédito está amparada na confiança dos agentes econômicos na política do governo, que tem gerado um crescimento dos negócios maior do que o crescimento da inadimplência. É o que afirma o economista André Chagas, assessor da Serasa S.A., empresa privada que atua em pesquisas, informações e análises a partir do sistema de compensações financeiras do país.

André Chagas analisou os índices de inadimplência por cheques, ou seja, a devolução dos cheques por falta de fundos, divulgado esta semana pela Serasa. O levantamento apontou o aumento da inadimplência por cheques este ano. Segundo ele, o uso de um único indicador isolado para medir a inadimplência pode dar uma impressão errada de algo preocupante. Ele diz que a taxa de inadimplência é ainda menor do que o volume de negócios no país, impulsionados pelo crescimento do emprego e da renda.

"Não faria sentido ter uma oferta de crédito e de negócios num ambiente em que há risco elevado. Os agentes são avessos a riscos. E um país de aventureiros não conseguiria vender US$ 1,5 bilhão no mercado externo em sua própria moeda", afirma. Leia a seguir trechos da entrevista.

Agência Brasil – A inadimplência por cheques, como meio de pagamento, ficou quatro meses estável e caiu apenas 3% em agosto. Mas o índice de agosto é 27,4% maior do que o de agosto do ano passado. Essa inadimplência é preocupante?
André Chagas - O indicador de cheque é só um dos indicadores. Importante, na verdade, mas eu não diria que é o mais representativo do que está acontecendo. O mercado de uma forma geral está acompanhando uma expansão muito forte do crédito pessoal. Você está tendo uma expansão para a aquisição de bens, em especial de veículos, que é praticamente 80% do total (do crédito para pessoa física) da aquisição de bens.

Abr – Algumas entidades têm opinado que a expansão das vendas estaria sendo impulsionada pelo crédito consignado, com desconto no contra-cheque, e que, como este é permitido a até 30% do valor do salário do empregado, estaríamos caminhando para um estrangulamento do mercado, para uma inadimplência generalizada e impagável. Esse temor é concreto?
André Chagas - O crédito consignado é apenas um terço do que a gente chama de crédito pessoal, que inclui cheque especial, financiamento por cartão de crédito, empréstimo direto do banco, etc. E isso em volume de capital (e não em total de operações).

Abr – Um terço de todo o crédito?
Chagas – Não, um terço do crédito pessoal, do que resta, fora esses 80% dos automóveis. O crédito para as pessoas físicas está crescendo consistentemente. É razoável num ambiente de expansão de negócios, que você também tenha uma expansão de quantidade de títulos inadimplentes. Não se espera que a inadimplência seja zero.

A expansão do crédito de negócios está crescendo muito mais rapidamente do que a expansão da inadimplência. De modo que se você olhar para algo dinâmico, a inadimplência está caindo. E isso é reflexo desse ambiente econômico que estamos vivendo, de recuperação das expectativas dos agentes, por conta principalmente de uma política macroeconômica – senão de todo desprovida de críticas – pelo menos consistente, que não tem passado por mudanças bruscas. Isso é importante para manter a confiança dos agentes.

Quando fazemos a comparação entre as variações, imaginando que eu tivesse um nível de inadimplência em julho do ano passado, e fosse medida em variações de negócios contra variações de títulos inadimplentes, nós teríamos alguma coisa 10% menos do que em julho do ano passado. E no acumulado de doze meses, contra o acumulado de doze meses, você tem uma queda ainda maior, de quase 14%. De certa forma é o que o mercado está sentindo. Não faria sentido você ter uma oferta de crédito e de negócios num ambiente em que há risco elevado. Os agentes são avessos a riscos.

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