Em entrevistas nesta manhã, respectivamente, às rádios FM Capital e FM UCDB, os senadores sul-mato-grossenses Marisa Serrano (PSDB) e Valter Pereira (PMDB) avaliaram que o resultado da votação do parecer que pedia a cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), causa um grande desgaste à imagem do Congresso. Marisa foi relatora do processo aprovado no Conselho de Ética pedindo a cassação de Renan.

“O sentimento é de frustração”, resumiu Marisa. “Renato Casagrande (PSB-ES) e eu fizemos um trabalho sério. Mas não valeu o trabalho efetuado. Não valeu o que significa ética e decoro”, prosseguiu. Ela também condenou a realização de sessão e votação secretas no Senado.

Valter Pereira disse a decisão provoca “uma fratura muito grande” no Congresso e um desgaste profundo à imagem do Senado. O senador disse que o PMDB enfrentou um problema sério para avaliar o colega de partido. “Não teve orientação da bancada. Metade seguiu uma rota e parte seguiu outra”, afirmou.

O senador disse que a decisão favorável a Renan foi possível graças a uma articulação do próprio presidente da Casa que, segundo ele, “sempre esteve numa condição muito favorável”. Pereira afirmou ainda que a existência de outros processos contra Renan vai “arrastar” a crise no Senado por um longo tempo.

Projeto de resolução - Pereira defendeu um projeto de resolução que altera o Regimento Interno do Senado determinando que o presidente do senado seja afastado quando estiver respondendo a sindicância ou a processo administrativo. “Não existe norma que oriente no sentido de afastar o acusado. É um defeito do regimento”, afirmou. “Deve ter uma determinação para que seja afastado. Porque quem está no comando, pelo menos em tese, tem capacidade de pressionar os outros”, adicionou.