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Sem boi no pasto, pecuarista vê preços subir em MS

Sandra Luz/Campo Grande News - 05 de julho de 2007 - 19:59

O início da entressafra e as expectativas de liberação de Mato Grosso do Sul para exportação pela OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) em setembro estão valorizando o preço do boi gordo no Estado e já há expectativas de bons preços para outubro e novembro, quando inicia a comercialização do gado confinado.

A fórmula é simples e se repete todos os anos, menos boi no pasto seco, melhor preço. A diferença para 2007 é o retorno de comercialização com países que ainda não reataram os negócios com o Estado e o início de um novo ciclo para a pecuária, o de preços altos.

Esse novo ciclo de preços maiores, segundo o diretor da BMMS (Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso do Sul) Carlos Duppas, é nacional, mas tem um reflexo ainda mais positivo para o Estado, após dois anos no limbo comercial por conta do foco de aftosa registrado em quatro municípios da região sul.

Ainda assim, os preços bons derivam de uma seca intensa, frio antecipado e dificuldade de reposição de bezerros pela redução de matrizes. “A recuperação dos preços é em nível nacional porque, na verdade, toda a exportação está melhor. São 150 países comprando. A liberação é positiva porque a Europa paga melhor. O impacto é grande, mas nem tanto assim”.

Recuperação de preços - Nessa onda positiva, os pecuaristas têm conseguido negociar os bois por médias de R$ 60 a arroba, mesmos valores praticados há dois anos. A expectativa é que em outubro o gado atinja R$ 64 e até R$ 68 no auge da entressafra para os mais otimistas.

Essa é a previsão do presidente do MNP (Movimento Nacional de Produtores) João Bosco Leal que há dois dias esteve em contato com uma corretora e obteve a informação que de um volume de um milhão de contratos somente 10% foram realizados por conta da oferta escassa de animais.

Leal explica que o gado de confinamento, que normalmente abastece mercado na entressafra, só foi colocado em meados de junho por conta dos custos e não ficou pronto ainda. O prazo de confinamento chega a 90 dias, porém o clima foi um fator que pesou contra.

“A seca foi tão grande que acabou com o gado de pastagem. Isso criou um vácuo no mercado”, explica. Ainda com o acréscimo de R$ 9,00 nos contratos futuros, Leal afirma que isso não significa um patamar elevado e lembra que em 2004 o boi gordo era comercializado a R$ 62 a arroba.

Para o pecuarista José Antônio de Oliveira, Mato Grosso do Sul não só deve recuperar os preços praticados em 2004, como a arroba do boi gordo vai se elevar de tal forma a igualar com os valores pagos pelo bezerro. A cotação do bezerro varia entre R$ 70 a R$ 75.

“O gado magro está valorizando demais”, justifica. A expectativa é de que a partir do fim do ano e até 2008, a arroba do boi gordo chegue a R$ 70. “E para não retornar mais”. Oliveira, que trabalha com gado confinado, explica que para essa modalidade de criação necessita de ao menos 20% de valorização como forma de compensação pelos altos investimentos.

O gado confinado chega então ao mercado agregando várias situações, pouco pasto, clima desfavorável e pequeno número de animais. “É criado um vácuo”, revela Oliveira. E o vácuo significa preços melhores.

Na avaliação do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto, há um outro nível para a comercialização no setor que começou ser sinalizado na Expogrande, em abril. Na feira, o bezerro entrou vendido a R$ 1,80 e R$ 2 e durante o preço chegou a R$ 2,50 o quilo vivo. “São os sinais. A confiança do exterior que mesmo sem a liberação da OIE voltou a comprar de nós, como Israel. O preço do bezerro, por exemplo, não baixou. Estamos otimistas sim”.

Mais abates - A receita do otimismo dos pecuaristas é traduzida em números. No primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram abatidas 7,8 mil cabeças de gado, 11% mais que as 7 mil do mesmo período de 2006. O preso total das carcaças foi de 1,7 milhão de quilos, quando no primeiro trimestre do ano passado chegou a 1,5 milhão de quilos.

Sobre a recuperação de preços, o leiloeiro Antônio Pereira Lima, da AZ Leilões, é mais contido. Ele pondera que a entressafra modifica temporariamente o mercado, mas enfatiza que os preços “recuperam um pouco as perdas com a aftosa”.

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