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Sem atingir meta, governo prorroga vacinação contra a gripe

Correio do Estado - 14 de junho de 2018 - 09:40

Sem atingir a meta esperada para vacinação contra a gripe, o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (13) que irá prorrogar, pela segunda vez neste ano, a campanha de vacinação contra a doença.

Iniciada em 23 de abril, a campanha estava inicialmente prevista para terminar em 1o de junho. Em seguida, com a dificuldade de acesso aos postos de saúde devido à greve dos caminhoneiros, essa data final foi adiada para 15 de junho.

Agora, a campanha será prorrogada até a próxima sexta-feira (22).

Após esse período, as doses restantes passarão a ser ofertadas também para crianças de cinco a nove anos e adultos de 50 a 59 anos, grupo que não estava previsto inicialmente na campanha, mas também considerado como um dos mais vulneráveis a complicações pela gripe. A oferta dependerá da disponibilidade de vacina em cada município.

A medida ocorre diante da dificuldade enfrentada pelo governo em atingir a meta esperada para vacinação, que era de imunizar até 90% do público-alvo.

Atualmente, fazem parte do grupo recomendado para a vacinação contra a gripe gestantes, mulheres com até 45 dias após o parto, idosos, crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, professores, indígenas e pessoas privadas de liberdade.

Até o momento, porém, apenas 77,6% desse grupo já compareceu ao posto de saúde para receber a vacina. Com isso, ainda faltam 11,8 milhões a serem vacinados.

O percentual é ainda menor entre alguns grupos, como gestantes e crianças de seis meses a cinco anos, dos quais apenas 61,5% e 66% foram vacinados até o momento.

GRIPE AVANÇA

Para o secretário de vigilância em saúde do ministério, Osnei Okumoto, a situação preocupa diante da proximidade do inverno e do aumento de casos de gripe neste ano no país em relação ao ano passado.

Boletim da pasta aponta que, até o dia 9 de junho, o país já registrava 2.715 casos de gripe, mais do que o dobro em relação ao mesmo período de 2017, quando houve 1.227 casos.

O número de mortes também já é maior: enquanto até junho do ano passado foram registrados 204 mortes, neste ano, já são 446.

Deste total de casos, cerca de 60% ocorreram pelo vírus H1N1 —o equivalente a 1.619 casos e 284 mortes. Em seguida, vem o vírus H3N2, com 563 casos e 87 mortes.

Apesar do aumento, o total ainda é menor do que o registrado em 2016, quando houve 12.174 casos de gripe —o maior número já registrado desde a pandemia de 2009.

Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, o aumento de casos neste ano acompanha a sazonalidade da doença. Para ela, ainda é cedo para saber se haverá novo aumento de casos nos próximos meses.

BAIXA ADESÃO

Para o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, a baixa adesão à campanha de vacinação preocupa.

Segundo ele, o fato dos menores índices de vacinação ocorrerem entre crianças com menos de cinco anos pode ser explicado pela falta de autonomia desse grupo em ir aos postos de saúde.

Ele fez um apelo para que as pessoas tenham mais “consciência” sobre a importância da vacinação.

“Os idosos têm consciência da importância e autonomia para ir aos postos de saúde, e as crianças não têm isso. E o apelo que fazemos é pela necessidade dessa consciência [dos pais]. Muitas vezes a família não leva ao posto de saúde para tomar a vacina”, afirma.

Já para Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, a baixa adesão à vacina pode ser explicada também pelo menor número de casos neste ano em comparação àqueles em que houve maior aumento no total de casos, como em 2016.

“A população parece que fica apavorada e só busca a vacina quando a imprensa fala que tem maior número de casos e óbitos.”

Segundo ela, a pasta ainda analisa os fatores que têm levado à baixa vacinação das crianças no país. “Não é só com a influenza. Estamos começando a ver outras vacinas com baixa cobertura”, diz ela, que cita os casos de sarampo e poliomielite como exemplos. “Precisamos entender que fenômeno é esse.”

Um dos possíveis motivos, afirma, pode ser a consolidação do próprio Programa Nacional de Imunizações como política pública de sucesso no SUS.

“Quando conseguimos erradicar doenças, e elas não matam mais e parecem que não são um problema de saúde pública, isso faz com que a população acredite que não há mais necessidade de vacinar”, diz. “Mas esse sucesso do programa tem que ser sustentável. Se pararmos de vacinar, doenças que deixaram de acontecer vão voltar a acontecer”, completa.

MUDANÇAS

De acordo com Occhi, o ministério deve reavaliar as estratégias de ação para as campanhas dos próximos anos.

O governo também avalia a possibilidade de ampliar o público-alvo da oferta de vacinação contra a gripe nos próximos anos, incluindo pessoas de 50 a 59 anos, por exemplo. Outra estratégia em análise é substituir a atual vacina trivalente, que protege contra três tipos de vírus da gripe, para a quadrivalente.

A medida ocorre diante da possibilidade de aumentar o volume de vacinas produzidas no país pelo Instituto Butantan já em 2019.

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