Pesquisa mostra, entretanto, que se os métodos de secagem forem mal utilizados, as sementes podem ficar mais suscetíveis à quebra, afetando a produção.

O processo de secagem das sementes é fundamental para preservar sua qualidade durante o armazenamento e para evitar perdas durante o processo produtivo. Existem vários tipos de métodos de secagem, cujos custos variam de acordo com o volume de sementes, com a velocidade do processo e com a temperatura do ar. No entanto, se utilizados de forma errada, os métodos podem acabar trazendo prejuízos à produção. É o que mostram pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria e da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel.

De acordo com artigo publicado na edição de março/abril de 2004 da revista Ciência Rural, “desde a maturidade fisiológica até o momento de sua utilização na semeadura, as sementes estão sujeitas à perda da qualidade fisiológica pelas mudanças bioquímicas e fisiológicas que passam a ocorrer. A deterioração, em muitos casos imperceptível na fase inicial, manifesta-se no decorrer do tempo, ocasionando reflexos negativos no vigor”. Daí a necessidade do processo de secagem para manter a qualidade das sementes e preservá-las de alterações físicas e químicas.

A secagem natural é baseada nas ações do vento e do sol para a remoção da umidade das sementes e, por isso, depende das condições climáticas disponíveis. Já a secagem artificial, que vem sendo utilizada na região Sul do Brasil, é um processo executado com o auxílio de alternativas mecânicas, elétricas ou eletrônicas, que permite o controle da temperatura, do fluxo do ar de secagem e do tempo de exposição das sementes ao ar aquecido. No entanto, é um processo que também possui desvantagens. Há, ainda, outros métodos de secagem, que podem ser utilizados de acordo com a necessidade do produtor.

Entretanto, os pesquisadores fazem questão de ressaltar que o processo de secagem não aumenta o percentual de sementes quebradas, mas pode provocar fissuras internas ou superficiais, tornando as sementes mais suscetíveis à quebra durante o beneficiamento. Eles explicam que “durante o processo de secagem, as sementes sofrem mudanças físicas, provocadas por gradientes de temperatura e umidade, que ocasionam expansão, contração e alterações na densidade e porosidade”. Por isso, a escolha e a utilização de um método de secagem devem ser cautelosas.

A equipe lembra, ainda, que, na maioria das vezes, as instalações disponíveis para a secagem são as possíveis e não as ideais e que, em muitos casos, os sistemas de secagem são obrigados a operar fora do seu regime normal para que a unidade de beneficiamento de sementes, como um todo, possa maximizar sua performance, o que compromete a produção. Por isso, os pesquisadores afirmam que “é importante que os operadores tenham consciência das condições de secagem que conseguem proporcionar às sementes, buscando minimizar ao máximo as inevitáveis e irreversíveis perdas que ocorrem a partir do momento que as sementes atingem sua máxima qualidade fisiológica”.


Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)