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Saúde: Cuidados com lentes de contato deixam a desejar

Agência Notisa - 28 de julho de 2006 - 09:27

Pesquisa da Universidade Estadual Paulista com estudantes de medicina mostra que alguns ainda fazem a adaptação da lente em óticas ou farmácias.

Desde o advento da lente de contato, o número de usuários vem crescendo continuamente. Somente nos Estados Unidos, estima-se que existam 33 milhões de usuários de lentes de contato. No entanto, o grande número de usuários faz com que aumente também o número de indivíduos com complicações oculares devido ao uso inadequado. Interessadas no assunto, Vanessa Vidotti e Amélia Kamegasawa da Universidade Estadual Paulista avaliaram o perfil de usuários de lentes de contato entre os estudantes da Faculdade de Medicina da UNESP.

As autoras formularam um questionário, com questões de múltipla escolha e questões dissertativas curtas e diretas, que foi distribuído aos estudantes de medicina do primeiro ao sexto ano em 2003. No estudo, publicado na edição de março/abril de 2006 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, elas observaram que de 566 estudantes do curso de Medicina, 27,4% eram usuários de lentes de contato. A faixa etária mais prevalente situou-se entre 21 e 24 anos, sendo a maioria brancos e do sexo feminino. A lente mais utilizada foi a gelatinosa com descarte mensal e 63,9% utilizavam a lente de contato de 12 a 16 horas por dia. Os motivos de uso da lente de contato mais citados foram o estético e para a prática de esportes. Os erros de refração prevalentes foram miopia e astigmatismo miópico composto.

Questionados quanto às complicações, apenas 16,8% responderam que nunca as haviam apresentado. As mais citadas foram: olho vermelho, embaçamento e sensação de corpo estranho, além do relato de ``ceratite`` por 4 entrevistados. A indicação e adaptação da lente de contato foram realizadas, principalmente por oftalmologista, embora 14,1% adaptassem em óptica ou farmácia. Segundo o texto, “isso demonstra o grande risco ao qual 14,1% dos estudantes entrevistados neste trabalho estavam sendo submetidos. Esses dados corroboram com o fato de que a grande maioria dos entrevistados que relatou nunca ter apresentado complicações com o uso da lente de contato, realizou adaptação através de um oftalmologista (92,6%)”.

Os resultados mostram ainda que a higienização da lente de contato, relatada por 27,7% dos entrevistados, era feita ao colocá-la; por 20,6%, ao retirá-la; por 46,5%, ao colocá-la e retirá-la; e somente 3,9% faziam a limpeza diária mesmo quando não a utilizavam. A grande maioria (91%) as conservava em soluções estéreis. “Levando em consideração o processo de manutenção da lente de contato recomendado como profilaxia para infecções, percebe-se que os cuidados realizados por entrevistados neste trabalho estão aquém dos esperados, o que se configura como mais um fator de risco para complicações”, afirmam no artigo.

De acordo com o estudo, “o sucesso do uso de lentes de contato requer a escolha de uma lente adequada ao olho e demanda que o paciente tenha condições de compreender e se adaptar ao uso e limitações das lentes, bem como à adesão ao seu manuseio. O paciente deve ainda estar informado em relação à conservação, ao esquema de uso e à identificação da sintomatologia de perigo, ciente do pronto acesso a cuidados especializados”.

Dessa forma, as pesquisadoras ressaltam a importância de cuidados adequados: “o observado neste trabalho de que mesmo em usuários diferenciados, como estudantes de medicina, ocorreu adaptação inadequada da lente de contato, ratifica a necessidade de maior atenção na abordagem do tema pelos especialistas e órgãos de saúde pública a fim de se prevenir cegueira, considerando o aumento de usuários”.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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