Geral
São João do Egito
São João do Egito, ou São João de Licópolis, nasceu em Licópolis, Tebaida, por volta do ano 305. Muito pobre, logo que teve idade para ganhar a vida, aprendeu o ofício de sapateiro. Aos 25 anos abandonou tudo e retirou-se para o deserto, para uma vida totalmente solitária. Dizem coisas extraordinárias a respeito de sua obediência. Contam que certo dia seu diretor espiritual, um velho ermitão, pegou um ramo de árvore já meio apodrecido e plantou-o na terra, ordenando a João que o regasse duas vezes ao dia, até que o ramo lançasse raízes e desse frutos. Embora para cumprir essa ordem extravagante ele tivesse de ir buscar água a meia légua de distância, durante um ano São João cumpriu com humildade e solicitude a ordem recebida, certo de que obedecendo a seu superior estava obedecendo a Deus. Quando o velho ermitão morreu, São João do Egito retirou-se para uma serra deserta, muito escarpada e de difícil acesso onde construiu uma cela e, nessa espécie de sepultura, ele viveu durante 40 anos completamente isolado, sem ver pessoa alguma. Alimentava-se de ervas cruas e raízes que nasciam dentro da gruta, e sua bebida consistia apenas num pouco de água. Dormia pouco e orava continuamente. Mas apesar do acesso ao local de sua morada ser quase inacessível, um dia souberam de sua existência e muitos, atraídos por sua fama, o procuravam para consultá-lo e ouvi-lo, e a todos ele abençoava e atendia com solicitude. Embora fosse austero e rigoroso consigo mesmo, era extremamente agradável com os que o procuravam. São João de Licópolis ou São João do Egito gozou de muita celebridade entre os cristãos e faleceu santamente, por volta do ano 394, aos 90 anos de idade, na gruta que escolheu para viver. É conhecido como “O Profeta do Egito”.
Hoje, nessa sociedade onde as leis são facilmente transgredidas, onde os que têm dinheiro e poder a manipulam e a distorcem, São João do Egito que fez do gesto de obediência à lei de seu superior, um sinal de fidelidade a Deus, nos lembra que o caminho da santidade passa pela obediência às leis humanas e às leis divinas. Mas, se as leis criadas pelos homens, se tornarem desumanas e desumanizantes, se forem de encontro à lei de Deus, a única definitivamente a favor da vida e vida em abundância para todos, então elas devem ser questionadas e desobedecidas, porque não dignificam o ser humano, não levam à santidade.