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Santa Casa da capital avisa que paciente grave ficará na ambulância

Campo Grande News/ João Humberto e Aline Queiroz - 26 de maio de 2010 - 15:21

O Siems (Sindicato dos Trabalhadores na área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) apresenta cópia de documento encaminhado pela diretoria técnica da Santa Casa com determinação para que pacientes do interior em estado grave não sejam mais encaminhados ao hospital, diante de uma situação caótica no Pronto Socorro adulto.

No oficio, com data de 21 de maio, também é esclarecido que, caso a solicitação não seja respeitada, “pacientes graves ficarão dentro de ambulâncias, no pátio do hospital, até que a situação de lotação do pronto socorro seja contornada”. Cópias foram enviadas à Central de Regulação de Vagas do Estado, aos Bombeiros e ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

No dia do documento, às 7h, havia 11 pacientes no corredor da sala de gesso, aguardando centro cirúrgico e outros 11 a espera de vaga em CTI (Centro de Terapia Intensiva).

De lá para cá, a situação não mudou, diz a presidente da entidade, Helena Delgado. Na noite de ontem, mais da metade dos 12 pacientes internados na emergência da Santa Casa necessitava de respirador. Sem equipamento disponível, os profissionais de enfermagem faziam a ventilação manual.

O problema não é recente, há muito é denunciado pelos funcionários, mas segundo a presidente do Siems, nunca houve uma condição tão precária, mesmo com a inauguração em março de 15 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na Santa Casa. Sem mudanças, a entidade não tem dúvidas de que pessoas estão morrendo por falta de estrutura básica.

“É um caos, a demanda é maior que a disponibilidade de leitos na UTI. Isso acaba gerando insegurança, estresse, esgotamento e adoecimento nos profissionais”, afirma Helena.

Ela cita que conferiu dois casos in loco entre sexta e sábado e ontem à noite. No primeiro caso, um adolescente de 16 anos, de Maracaju, chegou à Santa Casa às 19h de sexta-feira e não havia vaga na UTI.

A equipe de enfermagem que veio acompanhando o paciente teve que usar a ventilação manual por mais de 10 horas, em revezamento entre os profissionais. Na madrugada de sábado ele conseguiu vaga no CTI, mas morreu no domingo.

Nessa terça-feira à noite, o paciente Adaucinei Bruno Montezano, de 27 anos, veio de Três Lagoas, onde sofreu acidente de moto. Ele teve traumatismo craniano e necessitava urgentemente de respirador, mas em todo o tempo que ficou no local foi submetido a ventilação manual.

A mãe do rapaz, Devanir Vicente Bruno, de 45 anos, disse ao Campo Grande News que fora o agravante da falta de respirador para o filho, não havia vaga para ele na UTI. “Fica difícil porque lá em Três Lagoas ele tinha vaga, mas não tinha o ventilador. Acho que vou ter que levá-lo embora”, desabafou a empregada doméstica.

Por conta desse pedido, a Central de Regulação tenta a todo custo vagas em hospitais privados para minimizar o problema.

“E se esses pacientes chegarem a morrer dentro das ambulâncias, quem irá responder por isso? Quem garante que o hospital que receber não vai responder até mesmo criminalmente por conta de uma situação de caos”, questiona a presidente do Siems.

Na noite de ontem, depois da chegada do Campo Grande News, dois pacientes foram remanejados para o Hospital El Kadri.

A assessoria da Santa Casa foi procurada, assim como a diretoria executiva, mas nenhum responsável retornou as ligações.

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