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Geral

Saiba o quem o chinês conhece do Brasil

Edla Lula/ABr - 18 de maio de 2004 - 13:58

“A palavra saudade só existe na língua portuguesa. E como é bela! Hoje, nós também queremos usar essa palavra para apresentar nossos sentimentos. Sentimos saudade somente do que amamos. E como amamos Senna! O grande herói. Herói não é aquele que mata pessoas em grandes batalhas e depois recebe medalha. Herói é aquele que mata a tristeza, a dor, o pessimismo, a inveja, o desamor e recebe medalhas de amor, reconhecimento e gratidão”.

Este é o trecho introdutório de uma carta redigida em português por um grupo de jovens apaixonados pela Fórmula 1, numa terra de manifestações contidas e que ainda não promove o esporte, a ser inaugurado na China este ano.

A carta foi lida pelo Grupo Unificado de Todos os Fãs Chineses de Senna, encabeçado por Guo Liang, de 21 anos, na solenidade em homenagem ao piloto Ayrton Senna, na embaixada brasileira, no dia em que se comemoraram os 10 anos da morte dele. A solenidade contou com mostra de vídeo e exposição de fotografias do piloto. “O mais interessante é que a iniciativa partiu dos garotos e eles deram uma lição sobre Ayrton Senna para todos nós”, diz a encarregada cultural da embaixada do Brasil na China, Maria Lúcia Verdi.

Os jovens construíram uma espécie de altar ornamentado em origami no formato de passarinhos nas cores amarelo, verde e azul, lembrando a bandeira brasileira. No centro do altar estava a imagem do piloto.

Literatura

Senna não é o único brasileiro conhecido na terra de Mao. O “mago” Paulo Coelho também tem seus fãs, que já devoraram quatro publicações traduzidas para o mandarim. Antes dele, o Partido Comunista Chinês divulgou autores simpatizantes da sua ideologia, como Jorge Amado, com os seus “Capitães da Areia” e tantos outros personagens, e Graciliano Ramos, intérprete da difícil labuta nas terras de “Vidas Secas”.

Érico Veríssimo, Euclides da Cunha, Machado de Assis são outros romancistas que levaram à China a alma brasileira. Textos científicos e de análises antropológicas também já foram editados, como “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Hollanda e “Formação Econômica do Brasil”, de Celso Furtado.

Lúcia Verdi diz que o Brasil ainda não virou moda absoluta na China, mas as solicitações por novas edições desses e de novos autores brasileiros dão sinais de que há um encantamento surgindo. “O nosso problema está nos custos, porque além de editar precisamos de uma boa revisão, pois é muito difícil retratar o universo cultural brasileiro para o chinês. Apreciaríamos muito ter doações ou patrocinadores de um novo programa de reedições de grandes títulos esgotados”, apela Verdi.

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