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Ruas do centro de Campo Grande encobertas pela água
A forte chuva que atingiu Campo Grande entre as 15h e 16h desta sexta-feira (2 de fevereiro) causou transtornos como há muito tempo não se presenciava na região central da cidade. Diversas ruas e estabelecimentos comerciais na região das avenidas Fernando Corrêa da Costa, Afonso Pena e Mato Grosso foram encobertos pela enxurrada, causando prejuízos a empresários e proprietários de veículos. A Defesa Civil da Capital mobilizou 120 pessoas para efetuar o levantamento dos estragos no município e auxiliar em ações como o ordenamento do trânsito, conforme explicou ao Campo Grande News o gerente do órgão, Sebastião Otávio Rayol.
Mesmo os locais que já presenciavam com certa freqüência os alagamentos visualizaram cenas impressionantes durante o temporal. No cruzamento da avenida Afonso Pena com a rua dr. Paulo Machado (antiga rua Furnas), ao lado do Shopping Campo Grande, a água chegou a 1,20 metro de altura, conforme relatou a tenente Helena Ribeiro, do Corpo de Bombeiros. Foi a primeira vez que alagou desse jeito aqui, ressaltou.
A observação foi confirmada por Flávio Fabrão Moraes, gerente do escritório da Plaenge que funciona no cruzamento. O imóvel foi inundado, e, conforme o profissional, tivemos de trabalhar dentro da água, informou. As perdas também incluem um automóvel Fiat Palio (placas AKX-9279), pertencente à empresa e que foi arrastado pela enxurrada. Acredita-se que o dano ao automóvel foi total. O mesmo vale para outros dois veículos que estavam estacionados na dr. Paulo Machado, e que boiaram durante o temporal.
Na Via Parque, que acompanha o córrego Sóter entre as avenidas Afonso Pena e Mato Grosso, a cena também chamava a atenção: a via ficou submersa, devido à cheia do córrego, praticamente impedindo o tráfego. Mesmo veículos como caminhonetes e caminhões, que encararam o desafio de seguir pela rua, enfrentaram dificuldades para seguir no trajeto. Na Mato Grosso e na Afonso Pena, congestionamentos levaram alguns motoristas a invadirem os canteiros centrais para avançar.
O córrego Prosa chegou a transbordar em alguns trechos da avenida Fernando Corrêa da Costa, onde a água invadiu estabelecimentos comerciais e, quando a chuva diminuiu, levou os funcionários a cuidarem da limpeza e do resgate de peixes que ficaram presos nas telas de contenção.
É sempre assim. Quando chove e o córrego transborda, o pessoal corre para jogar os peixes de novo na água, afirmou Gilberto Fernandes, funcionário de uma garagem próxima ao cruzamento da avenida com a rua José Antônio. No cruzamento da Fernando Corrêa com a rua Sebastião Lima, a água cobriu totalmente a calçada próximo a um posto de combustíveis. Mais à frente, na avenida Ernesto Geisel, o buraco causado pela destruição de parte da canalização aumentou.
Alagamentos não foram uma exclusividade da região central. Dados do Corpo de Bombeiros apontam que, entre as 15h e as 15h45, pelo menos 16 notificações referentes a enxurradas e acúmulo de água em residências chegaram ao Ciops (Centro Integrado de Operações e Segurança). Os problemas espalharam-se pela cidade: desde as regiões da vila Margarida, Nhá-Nhá, Santa Fé, Otávio Pécora e Monte Castelo até o bairro Tiradentes e as Moreninhas, houve reclamações de moradores. A escola Arnaldo Rodrigues, no bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo, também registrou danos estruturais com a chuva.
Velocidade O coordenador da Defesa Civil de Campo Grande, Rodolfo Vaz de Carvalho, vê não apenas no excesso de chuva a origem dos problemas na cidade. Segundo ele, a velocidade com a qual as chuvas fortes têm se sucedido no município preocupa. Uma coisa é você ter uma chuva de 60 milímetros em dois dias. Outra é ter a mesma quantidade em duas horas. Não há tempo para escoar, disse.
Carvalho aponta que Campo Grande possui uma capacidade razoável para escoamento de águas pluviais. No entanto, com a quantidade de chuvas, o solo acaba encharcado, reduzindo a possibilidade de absorção natural de água. O problema torna-se mais evidente em regiões asfaltadas, onde o solo possui menor capacidade de escoar a água naturalmente.
Não há muito o que fazer em relação às forças da natureza. Temos estrutura para reagir e prevenir, mas quando ocorre algo fora do padrão, a situação é complicada. Isso não é uma exclusividade de Campo Grande. As chuvas ocorrem em todo o País, e mesmo em países desenvolvidos há problemas, ponderou. Diante da situação, o que é possível se fazer é colocar o time na rua, com a Defesa Civil efetuando monitoramentos constantes.