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Geral

Rosildo Barcellos: Onde está essa mãe?

Rosildo Barcellos - 07 de março de 2008 - 07:03

Pode ser que voce ja tenha ouvido ou visto algo parecido com essa estória;entretanto isso é irrelevante no momento.O que temos de ter no coração é outro sentimento: o de não deixar fatos próximos a nós virarem rotina ou nem tomarmos conhecimento.Isto é:apesar de ser um conto fictício se olharmos em volta encontraremos alguém com alguma necessidade,com algum anseio e essa é a moral da história posto que sempre tem alguém pior do que nós que as vezes precisa somente de uma palavra nossa ou um aperto de mão e somente unidos poderemos fazer a diferença em nossas vidas.Leia com atenção...

Kaio era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse pensando no infinito, conversando com anjos. Mas ele tinha uma particularidade:
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias amarelas . Um dia, alguém incomodado com aquela mesmice lhe perguntou porque ele só usava meias daquela cor. Com a singeleza de seu coração expressa nas palavras balbuciou: \"no ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo; lá onde hoje iniciaram as obras de um grande hipermercado e colocou em mim essas meias amarelas. Eu ponderei e até argumentei que pessoas iriam rir de mim por esse motivo. Entretanto ela com aquele olhar de ternura disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as tais meias. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias amarelas... claro lá estaria eu !.

\"Ora\", disse o colega retrucando. \"mas você não está num circo. Por que não tira essas meias esquisitas e as joga fora?
O menino olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: \"é que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja,ela vai me encontrar e me levará com ela.\"

Assim sendo caro leitor; há de convir que muitas pessoas existem, nessa cidade, solitárias e tristes, chorando um
amor que se foi ou as oportunidades perdidas. Colocam as tais meias amarelas na expectativa de que alguém as identifique, em meio a multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração e de sua imanente existência e fazer parte de sua essência humana. São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, e têm sede de carinho e fome de afeto. São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas. Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as suas já desbotadas meias marelas.

Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas. Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversário, da festividade, do reencontro especial. Aguardam... esperam... imaginam... sonham...

São mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre a espera de alguém que partiu, retorne. Andam atrás de emprego, de notícias e muitas vezes de um lar. São mulheres que esperam que o filho que tomou o rumo do mundo e enveredou pelo caminho das drogas, da delinqüência e da intolerância volte para o seio de sua família e retome os trilhos da prosperidade. São almas solitárias, lesadas na afetividade e machucadas na esperança. Carentes. O amor, sem dúvida, é lei da vida. Ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado ou desprezado por outro e nem pode aquilatar a qualidade das reações que virão daqueles que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida. Por isso nesse dia da mulher; aliás nessa semana da mulher. Se você perceber alguém que estiver usando meias amarelas, por gentileza: pensemos se não é esse o momento de reconstruir. Eu sei tanto quanto você como é difícil viver nesse mundo, com aflições, com t ranstornos, com falsas amizades, sem o dinheiro e posses que de repente nos são
ausentes; mas a paciência, a perseverança e o otimismo precisam prevalecer. Tenha bom ânimo, pois um futuro grandioso nos espera. A fé no que virá, depende de nós!

Mulheres do Mato Grosso do Sul tenham uma excelente semana !
* articulista, contista e professor

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