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Geral

Rosildo Barcellos - A dama de paus

*Rosildo Barcellos - 24 de novembro de 2006 - 05:03

O mundo não pára de transformar aos nossos olhos. O tempo não pára. Um mundo onde os valores e ideais são complexos e contraditórios. Não há mais murmúrios de fadas, cochichos de seres lendários, fábulas , aventuras heróicas e românticas. Rapunzel atirou-se da torre medieval, Pinóquio exibe o nariz cada vez maior e a megera madrasta de Cinderela é celebrada nas mais populares colunas sociais.
Tempos sem ética ou piedade.Não podemos esquecer que há pouco mais de duas décadas um fantasma chamado HIV assusta e aterroriza milhões de seres humanos. Desde o seu surgimento, os portadores deste vírus sofreram preconceito, abandono, agressões, pesadelos que viveram e vivem até hoje. Muitos HIV positivos se desesperam, acham que é o fim da vida, até tentam suicídio. Com o avanço da ciência a sobrevida dos portadores, hoje em dia, é bem maior. Atualmente ser um HIV positivo não é nenhum bicho de sete cabeças, mas é claro, o portador também deve ser positivo com a vida, não se deixar dominar, ter força, coragem e determinação.
Essa semana assistindo ao filme Cazuza, na televisão lembrei-me que no Festival Mix Brasil, o que chamou muito a atenção foi o filme “O presente”, um documentário que mostrava as novas ondas nos EUA, o Bug Chasing, prática deliberada de contrair o vírus da AIDS e o Gift Giving, que é a prática deliberada de transmitir o vírus aos outros. Lá a prática do bareback já está bastante difundida . Como se não bastasse, agora eles promovem festas e divulgam pela Internet. Nas festas a prática do bareback é praticamente obrigatória, e eles convidam os soros negativos a receberem “o presente” ou seja, o vírus HIV. Um filme polêmico, chocante, e o pior de tudo, real.
Enquanto isso a Câmara aprovou essa semana em votação simbólica (onde não há registro dos votos no painel eletrônico) o projeto de lei da deputada Iara Bernardi (PT/SP) que torna crime a discriminação ou o preconceito de pessoas por sexo, gênero, orientação sexual e identidade de gênero - que abrange transexuais e travestis. O projeto é considerado prioritário pelo movimento de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (GLBT) e tramitava na Câmara desde 2001. . O projeto ainda precisa ser votado pelo Senado para depois ir à sanção do presidente da República antes de se tornar lei. Por isso provoco nos leitores essa discussão.
Pela proposta, quem \"impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público\" em virtude dessas características, poderá ser punido com dois a cinco anos de prisão. O projeto modifica leis que já proibiam a discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, incluindo a discriminação por orientação sexual, gênero, sexo e identidade de gênero como crime e determinando as mesmas penas. Além da lei contra o racismo (lei 7.716), o projeto também modifica o Código Penal e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Pelo projeto, é crime impedir, recusar ou proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, que seja aberto ao público, de pessoas por sua orientação sexual. Também passa a ser crime a discriminação na hospedagem em hotéis, pensões ou motéis; no sistema de seleção educacional; no recrutamento ou promoção funcional ou profissional e no aluguel e compra de imóveis.
O certo é que temos muito a discutir sobre o que é cidadania e sobre o conceito de democracia e liberdade.Quais são os limites educacionais dos nossos filhos.São questões que existem e que precisam ser enfrentadas da melhor maneira pela nossa sociedade. A discussão esta aberta

*Articulista e conselheiro da Asnarf

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