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Rogério Tenório de Moura: Idealismo x descrença

*Rogério Tenório de Moura - 08 de agosto de 2008 - 08:40

Conta uma antiga lenda árabe que uma mulher falaciosa foi presa sob a acusação de sair pelas ruas da cidade difamando a moral de todos indiscriminadamente. O sultão mandou chamá-la e condenou-a a ser decapitada diante de seus acusadores. A mulher implorou por sua vida. O soberano resignou-se, meditou alguns instantes e disse: "Tudo bem, pegue estes papéis, rasgue-os e espalhe-os por toda a cidade". A mulher aceitou imediatamente essa estranha punição, saiu felicíssima a cumprir sua sentença. Ao voltar o sultão complementou seu verídico: "Agora volte, recolha todos os papéis e cole-os novamente". A mulher intrigada disse: "Mas, meu senhor, isto é impossível!" Veementemente respondeu o regente: "Exatamente, depois que a moral de uma pessoa é rasgada, como você fez com tantas, é impossível reconstituí-las, justamente por isso sua sentença só pode ser a MORTE!".
A moral da didática lenda acima deve ser encarada como uma premissa indispensável a todo aquele que quiser se dedicar a vida pública. Felizmente, nos últimos anos, o eleitorado tem demonstrado uma crescente aversão por todo político que se atém meramente a criticar. Tudo na vida passa por momentos de sístole e diástole e parece que o momento dos línguas pretas de plantão passou. Não que a crítica não faça parte da vida pública, ao contrário, a constante revisão e discussão dos paradigmas vigentes é o que dá norte e sentido à política, sobretudo ao exercício dos cargos legislativos; entretanto os postulantes a um cargo público devem entender que transformar-se em uma metralhadora giratória em nada contribui para a construção de coisa alguma.
Tal tipo de político pode evitar que uma série de despautérios, principalmente oriundos do executivo, ganhem vida, transformem-se em elefantes brancos e atravanquem a vida de todos nós, mas não chega a contribuir efetivamente para o empreendimento de nada, pois perde tempo demais em atacar e se esquece de propor, colaborar, estudar, pesquisar e apresentar propostas consistentes e relevantes.
Da mesma forma o eleitor “São Tomé”, que acredita que todos são culpados até que se prove o contrário, quando a máxima do Direito é exatamente o oposto, é igualmente inútil ao fortalecimento da democracia. Atualmente há movimentos organizados que apregoam que o voto nulo em massa é a única saída para o país. Só não entendo que saída é essa. Talvez para a volta à ditadura, seria o álibi perfeito para algum megalomaníaco tomar de assalto o poder, afinal se o povo não se importa em quem vai governar, qualquer um serve.
A esse tipo de eleitor dou o seguinte conselho, nada ortodoxo, continue a se lamuriar e a comodamente desacreditar de tudo e de todos; faça como uma tia velha que fica o tempo todo sentada em uma confortável poltrona reclamando e dizendo como o mundo era melhor antigamente e espere a morte em um hospital público imundo, assista passivamente seus filhos e netos concluírem a Educação Básica e ainda assim serem analfabetos funcionais, aventure-se nas rodovias públicas, viva encarcerado enquanto os criminosos vivem soltos ...
Não estou dizendo que devemos acreditar em tudo aquilo que nos prometem, pois infelizmente estamos vivendo os tempos profetizados por Rui Barbosa no início do século XX, quando ele afirmou que chegaria o tempo em que de tanto ver prosperar a desonestidade os honestos teriam vergonha de sê-lo; mas temos de pacientemente observar o trigo e o joio crescerem juntos para no devido momento lançarmos este fora. Não há mal que dure para sempre nem mentira que se sustente permanentemente

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