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Rogério T. de Moura: O verdadeiro valor da Avaliação

Rogério TEnório de Moura - 17 de fevereiro de 2008 - 07:27

O processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com dificuldades é inerente ao ato de aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e facilidades deve ser compreendido não como um veredito que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim como uma análise da situação escolar atual do aluno, em função das condições de ensino que estão sendo oferecidas. Nestes termos, são questões típicas de avaliações:

 Que problemas o aluno vem enfrentando?
 Por que não conseguiu alcançar determinados objetivos?
 Qual o processo de aprendizagem desenvolvido?
 Quais os resultados significativos produzidos pelo aluno?

Precauções: a avaliação escolar não deve ser empregada quando não se tem interesse em aperfeiçoar o ensino e, conseqüentemente, quando não se definiu o sentido que será dado aos resultados da avaliação. A avaliação escolar exige também que o professor tenha claro, antes de sua utilização, o significado que ele atribui a sua ação educativa.
Contra-indicações: a avaliação é contra-indicada como único instrumento para decidir sobre aprovação e reprovação do aluno. O seu uso somente para definir a progressão vertical do aluno conduz a reduções e descompromissos. A decisão de aprovação e retenção do aluno exige do coletivo da Escola uma análise das possibilidades que essa Escola pode oferecer para garantir um bom ensino. A avaliação escolar também é contra-indicada para fazer um diagnóstico sobre a personalidade do aluno, pois sua abrangência limita-se aos objetivos do ensino do programa escolar.
A avaliação escolar é contra-indicada para fazer prognóstico de sucesso na vida, contudo, o seu mau emprego pode expulsar o aluno da escola, causar danos em seu autoconceito, impedir que ele tenha acesso a um conhecimento sistematizado e, portanto, restringir a partir daí suas oportunidades de participação social.
No entanto, a avaliação da aprendizagem escolar vem sendo tema de constantes pesquisas e estudos. Essa avaliação visa analisar a aprendizagem do aluno por completo e não simplesmente a partir de notas obtidas em testes e trabalhos.
Alunos e pais se preocupam com a nota, a sociedade e a escola se preocupam com a nota e o professor, claro, também.
Preocupa-se com a nota e de uma forma tão obcecada que passa essa preocupação como forma de ameaças aos seus alunos, frases como: “Fiquem quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem aí e vocês verão o que vai acontecer. Estou formulando questões bem difíceis para a prova de vocês”. São comuns no cotidiano de uma sala de aula, mas demonstram um fator negativo de motivação para o aluno, pois o leva a estudar por medo e não por satisfação, pois está ameaçado por uma prova.
Outro tipo de conduta freqüente do professor é uso de “pontos a mais” ou “pontos a menos”. Esse tipo de técnica é bastante utilizado e com bastante eficácia, mas há coisas que não podemos avaliar com pontos, como no caso de “pontos a mais” para quem trouxer todo o material, pois não estaríamos falando de aprendizado e sim de disciplina.
Os pais, a sociedade e as escolas que ficam presas ao sistemas de notas, como já havia citado antes, estão totalmente equivocados do que realmente é educação; pois pais conscientes preocupam-se com o aprendizado de seus filhos, afinal de contas, havendo aprendizado, obviamente haverá aprovação.
No processo de aprendizagem e avaliação há mais do que conteúdo acadêmico a ser levado em conta: habilidades desenvolvidas, o prazer pelo trabalho, a colaboração entre os colegas, as tarefas cumpridas no tempo pedido e a autonomia conquistada durante as atividades. Elementos que dependem de uma apurada observação e intervenção do professor.
Avaliar é levar em conta um processo maior do que o resultado de uma prova ou de uma atividade escolar. Nesse percurso, muitas vezes entra em jogo o próprio trabalho desenvolvido pelo educador. Exige sensibilidade, autocrítica e discernimento.
Acompanhar o filho nas tarefas escolares diariamente é de grande valia para incentivá-lo a prosseguir, além de aproximar ainda mais pais e filhos. Não há dúvida de que isto reverte-se em resultados mais satisfatórios do que uma cobrança exasperada às vésperas da prova. Fazer a criança entender que a avaliação não é o objetivo maior, mas o resultado natural de seu trabalho diário parece ser o ponto de partida.
A observação constante dá pistas importantes do quanto a escola está conseguindo despertar no aluno o prazer pelo conhecimento. Na falta, não se deve hesitar em trocar idéias com professores e coordenadores, é sempre saudável e previne questões futuras.

Rogério Tenório de Moura
é licenciado em Letras pela UEMS,
especialista em Didática Geral e em
Psicopedagogia pelas FIC.

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