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Rogério Moura enfrenta o difícil mundo das ações e faz..

Rogério Tenório de Moura - 10 de dezembro de 2008 - 09:14

.......reflexões acerca do mercado

Para minha surpresa, a explicação sobre o porquê da crise financeira norte-americana levantou maior interesse entre meus amigos leitores que o assunto central de meu último artigo, que foi: temas de redação de vestibular. Sinceramente não esperava que um assunto tão denso, embora abordado de forma jocosa, pudesse chamar a atenção do grande público.
Por conta de ter aventurado-me a explicar um assunto da área econômica, surgiu entre meus leitores mais próximos outra questão que instigou-me a novamente embrenhar-me pelas trilhas de economista amador. Aliás, bem amador, diga-se de passagem. Justamente por isso, deixarei os termos técnicos de lado e todo o emaranhado de novas modalidades de investimento em bolsa e restringir-me-ei apenas às vendas de ações à vista.
Imagine que em uma vila remota no coração do continente africano apareceu do nada um mercador querendo comprar macacos. A princípio ele ofereceu dez dólares por símio. Houve uma grande procura, pois as possibilidades de se fazer dinheiro em local tão ermo eram mínimas. No entanto, o interesse por tais caçadas sofreu uma derrocada brusca ao praticamente serem extirpados todos os macacos da região.
O mercador, entretanto, ainda tinha muito dinheiro e muitas jaulas à disposição. Então ele dobrou a oferta e os camponeses passaram a andar cada vez mais longe em busca de tão cobiçados primatas.
O tempo passou e faltaram tanto jaulas para manter as novas presas em cativeiro quanto meios de transporte para levá-los até o país de origem do mercador. Assim o exímio comerciante deixou seu assistente para trás, no intuito de continuar incentivando as caçadas e foi buscar mais jaulas e meios de transporte para levar seus preciosos símios. Ao menos essa foi a desculpa dada aos nativos.
Mal o negociante deu as costas e seu assistente dirigiu-se aos caçadores ocasionais e afirmou que seu patrão pagaria quarenta dólares por cabeça. Algo compreensível, afinal o primeiro aumento de oferta também fora da ordem de cem por cento (de dez para vinte dólares, lembra-se?). Então ele ofereceu aos nativos cada primata por trinta dólares. Seria um ganho mínimo de 33,33% em um prazo curtíssimo, questão de uma ou duas semanas e sem ter de se dar ao trabalho de se embrenhar em matas para caçá-los!
Todo o estoque de macacos foi vendido da noite para o dia e ninguém nunca mais viu nem o mercador, nem seu assistente. Assim os “Hábeis investidores” (compradores de macacos) tiveram um lucro que variou de 50 a 200% em poucas semanas.
Por mais absurda que pareça tal analogia é exatamente assim que se comporta o mercado financeiro, sobretudo os mais voláteis e, justamente por isso, mais passíveis da ação dos especuladores. Eles “invadem” mercados emergentes; enchem os pequenos investidores de esperanças; dão a falsa sensação de crescimento econômico devido a ampla liquidez galgada e, como conseqüência, há uma supervalorização dos papéis. Porém assim que conseguem elevar os preços dessas mesmas ações ao patamar almejado, realizam seus lucros e pernas pra quem tem. Sobra apenas um monte de títulos sem ter para quem vender e, conseqüentemente, o preço cai. Ao menos até aparecer outro comprador de macacos

*Rogério Tenório de Moura é licenciado em Letras pela UEMS, especialista em Didática Geral e em Psicopedagogia pelas FIC; vice-presidente do SISEC (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cassilândia).

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