Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quarta, 24 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Rodovia BR-158 desponta como vetor de expansão da soja

Repórter Brasil - 16 de abril de 2009 - 07:49

O agronegócio está mudando a dinâmica territorial do Baixo Araguaia, no Mato Grosso. Ao longo da rodovia BR-158, as lavouras de soja começam a dominar a paisagem de uma região onde a principal atividade econômica é a pecuária. As transformações mais marcantes, porém, não vêm das sacas de grãos colhidas no local, mas da expectativa do asfalto que vai viabilizar o escoamento de toda produção sojicultora do nordeste mato-grossense pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, rumo ao mercado consumidor europeu.

A BR-158 atravessa o Brasil de Norte a Sul. Ela começa em Altamira, no Pará, e termina em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, já na fronteira com o Uruguai. Os seus 3.864 quilômetros de extensão também passam pelos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A implantação definitiva da rodovia aconteceu no fim da década de 70, mas sua abertura teve início em 1944, dentro do projeto de interiorização idealizado pelo então presidente Getúlio Vargas.

Dos pouco mais de 800 km da BR-158 no Mato Grosso, cerca de 400 km ainda são de estrada de terra esburacada, que se tornam quase intransitáveis no período de chuva. É justamente o trecho que corta o Baixo Araguaia, entre Ribeirão Cascalheira e Vila Rica. Como no Pará a rodovia já está pavimentada, o término do asfaltamento dela no estado vizinho possibilitará o transporte da soja até a ferrovia Carajás e, por ela, ao porto maranhense. Além de Carajás, a mineradora Vale controla outra ferrovia estratégica para o agronegócio na região: a Norte-Sul, que de janeiro a setembro do ano passado transportou 1,1 tonelada de soja e farelo de soja. Ela tem atualmente 200 Km, entre os municípios maranhenses de Açailândia e Porto Franco; mas, até o fim do ano, deve chegar à cidade de Guaraí, no Tocantins, completando 571 Km.

Trocando em miúdos: a pavimentação da BR-158 deixou de ser uma reivindicação apenas de moradores do Baixo Araguaia, como o borracheiro Edson Lopes, que trabalha há dois anos e meio na beira da rodovia e, em duas semanas, só havia consertado um pneu de moto. A pressão pela obra deve ser entendida dentro do modal formado também pelas duas ferrovias, no contexto do projeto do governo federal de melhorar a competitividade logística da produção de soja no país. Não por acaso, portanto, a pavimentação da BR-158/MT consta da lista de obras prioritárias do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

O interesse em asfaltar a rodovia, porém, não é só do governo federal, que neste ano aprovou uma previsão orçamentária de R$ 64 milhões para a obra (insuficiente, visto que o custo de 200 Km ultrapassa R$ 158 milhões, de acordo com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT). Ele é principalmente do governo do Mato Grosso, cuja Secretaria de Infra-Estrutura firmou convênio com o DNIT para executar, com verbas estaduais, a pavimentação dos outros 200 Km. Até o fim do ano, o asfalto que hoje termina em Ribeirão Cascalheira deve chegar a Alô Brasil, povoado à beira da BR, no município de Bom Jesus do Araguaia. De lá parte um entroncamento da estrada até Querência, município onde o Grupo André Maggi, da família do governador mato-grossense, produz soja na fazenda Tanguro, que tem 82 mil hectares.

SIGA-NOS NO Google News