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Risco de ter diabetes cresce até 22% por hora de repouso

EPharma Notícias - 04 de fevereiro de 2016 - 14:00

Ficar parado é como ativar uma bomba-relógio no organismo. Uma pesquisa da Universidade de Maastricht, na Holanda, alerta que cada hora de sedentarismo diário pode aumentar em até 22% o risco do desenvolvimento do diabetes tipo 2, associado ao estilo de vida pouco saudável.

No mesmo período, uma pessoa em repouso pode ter um risco 39% maior de registrar síndromes metabólicas — um conjunto de fatores que podem levar a doenças cardiovasculares, como a obesidade, o aumento da pressão sanguínea, alterações na glicose e redução da taxa de HDL, conhecido como o colesterol bom.

Os pesquisadores holandeses fizeram um cruzamento de informações sobre características do sedentarismo e do metabolismo de 2.497 pessoas, que tinham idade média de 60 anos. A divisão de gêneros foi praticamente igual — 52% eram homens. Todos usaram, por oito dias seguidos e sem interrupções, um aparelho chamado acelerômetro. Sua função é detectar movimentos relacionados à postura: ao se levantar, considera-se que uma pessoa já pratica uma atividade física. Para determinar a existência do diabetes, os voluntários foram submetidos a um teste de tolerância oral à glicose.

Entre os participantes do levantamento, 1.395 (56% do total) tinham metabolismo normal da glicose, 388 (15%) contavam com este metabolismo prejudicado e 714 (29%) eram portadores de diabetes tipo 2. Os integrantes deste grupo eram os mais sedentários, com a duração de repouso, em média, 26 minutos diários maior do que a observada entre seus colegas.

NOVO PERFIL PARA CAMPANHAS

“A pesquisa pode ter implicações importantes para a saúde pública, já que sugere que o comportamento sedentário desempenharia um papel significativo no desenvolvimento e prevenção de diabetes tipo 2”, comentam os autores do estudo, capitaneado pela professora Julianne van der Berg, do Departamento de Medicina Social da Universidade de Maastricht e publicado na revista “Diabetologia”, da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes. “As campanhas de alerta contra a doença devem considerar a inclusão de estratégias que reduzam a quantidade de tempo em que ficamos parados”.

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O perfil dos diabéticos traçado pelo levantamento é de pessoas com baixa escolaridade, fumantes, portadores de alguma limitação de mobilidade e usuários de medicamentos. Sua faixa etária média é de 62,7 anos. Entre os participantes com metabolismo normal, é de 58,1 anos.

Especialista em Endocrinologia, Diabetes e Metabologia da Uerj, Carlos Henrique Moraes assinala que “é melhor observar um obeso fisicamente ativo do que um magro sedentário”. O emagrecimento e a rotina de exercícios físicos podem reduzir a necessidade de medicação do diabético.

— O exercício físico é fundamental para a melhoria da qualidade de vida do diabético — ressalta Moraes, que é diretor da clínica Art Sculp. — Quando pratica alguma atividade saudável, o portador de síndrome metabólica libera uma série de hormônios que melhoram o metabolismo dos carboidratos e têm ação anti-inflamatória. O paciente vence a luta contra problemas como o acúmulo de gordura na região do fígado, que leva à liberação na corrente sanguínea de substâncias capazes de aumentar o risco da incidência de doenças como câncer, mal de Alzheimer, hipertensão e diabetes.

Flávia Conceição, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Rio (Sbem-RJ), revela que o uso do acelerômetro para pesquisas voltadas ao diabetes é recente. No entanto, pondera que o levantamento de Maastricht deve ser expandido, considerando fatores como o gasto de energia provocado pelos exercícios físicos.

Para a médica, prevenir o diabetes consiste em estimular mudanças na dieta e a prática de atividade física por pelo menos 150 minutos semanais. E, também, afastar-se um pouco da televisão e do computador.

— Podemos tomar medidas simples, como ficar em pé sempre que for possível — opina. — Isso implica em uma mudança de hábitos, por isso a adaptação é muito difícil. Se a pessoa desenvolver uma rotina de exercícios físicos, a chegada do diabetes pode ser adiada em até 15 anos e, em alguns casos, até se reduz a dosagem de remédios.

O técnico de telefonia Francisco Cavalcante, de 46 anos, não tem dúvidas de que seu sedentarismo contribuiu para o desenvolvimento do diabetes, 18 anos atrás.

Antes da doença, o máximo de esporte que Cavalcante praticava era aquela “pelada” de fim de semana com os amigos, o que muitos médicos dizem ser até pior do que a falta de atividades, por causa da grande irregularidade desse tipo de exercício. Isso fez com que, além de desenvolver diabetes, ele tivesse dificuldade de manter os níveis de glicose controlados.

Há três anos, depois de um ultimato de seu médico, Cavalcante começou a caminhar todos os dias e fazer ginástica duas vezes por semana. E, aos poucos, vai fazendo as pazes com a balança: ele conseguiu passar de 135 quilos para os atuais 105, e o diabetes se mantém estável.

— Só consegui controlar minha doença com exercício físico regular. Hoje, sempre que volto do trabalho, caminho de seis a oito quilômetros em volta do Engenhão — conta ele, que mora no Cachambi, próximo ao estádio de futebol, na Zona Norte do Rio. — Eu era muito sedentário antes de receber esta recomendação médica, tenho certeza de que isso contribuiu para a doença. Outras pessoas da minha família também tiveram diabetes tipo 2, como minha mãe e meu sogro, e acredito que o sedentarismo também teve um papel muito importante no caso deles.

Além da soma de tempo em que os indivíduos estavam parados, a equipe de Julianne considerou a quantidade de intervalos realizados por cada participante e a sua duração (inferior ou prolongada por mais de meia hora). No entanto, ainda não existe um resultado conclusivo que corrobore a ligação destes fatores com o risco de desenvolvimento do diabetes.

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