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Rigo retira projeto e chama usinas de "capital canibal"

Graciliano Rocha/Campo Grande News - 03 de julho de 2007 - 15:07

Giuliano Lopes


Rigo na tribuna: capital canibal dos usineiros


O deputado estadual Ary Rigo (PDT) retirou hoje o seu projeto de lei que restringia a instalação das usinas de açúcar e álcool, estabelecendo distâncias mínimas entre uma destilaria e outra e fixando limites de ocupação de áreas dos municípios pelos canaviais.

Trata-se mais de um recuo estratégico do que uma mudança de posição já que Rigo classifica o processo de expansão da cana, especialmente a entrada de investidores estrangeiros, como “capitalismo canibal”.

A retirada do projeto de Rigo aconteceu depois de um acordo político com o governo, que apresentou um projeto de lei sobre o assunto. A proposta do governo Puccinelli assumiu alguns pontos defendidos pelo pedetista: distância mínima de 30 quilômetros entre uma usina e outra e proíbe a queimada de cana em áreas a menos de 5 km da zona urbana. O governo propôs também a redução gradual das queimadas de cana até a proibição definitiva em 2022.

Na tribuna da Assembléia, o deputado do PDT expressou preocupação com o impacto da cana sobre a Grande Dourados, cuja economia é baseada na agroindústria de transformação de grãos. Segundo ele, se não houver limites claros para as usinas, os canaviais podem invadir áreas hoje ocupadas pela soja e pelo milho, destruindo a base da cadeia produtiva que mantém na região frigoríficos de frango e de suínos, além de esmagadoras de soja.

“Temos que defender a nossa produção agropecuária e o meio ambiente porque este capitalismo canibal, que é o capitalismo internacional não está interessado em meio ambiente ou empregos, mas só no lucro”, disse.

Rigo afirmou que a responsabilidade de limitar a atividade sucroalcoleira precisa ser compartilhada com os municípios que podem, de acordo com suas próprias necessidades, criar legislações mais rígidas para o seu território em relação à lei estadual. Ele citou o exemplo de Rio Verde (GO) que limitou a 10% o plantio de cana a 10% da área do município. Limeira (SP) proibiu totalmente a queimada dos canaviais. Em Dourados, a 220 km de Campo Grande, tramita um projeto de lei de autoria do vereador Elias Ishy de Mattos (PT), que proíbe a queima de cana em todo o município.

Tratores – Há outro projeto tramitando na Assembléia Legislativa que incomoda o poderoso lobby dos usineiros. O deputado Amarildo Cruz (PT) quer proibir as queimadas de cana para os novos empreendimentos e dar um prazo de 5 anos para os que já estão em operação parem de usar o método.

Os defensores das queimadas nos canaviais argumentam que a indústria brasileira não teria condições de atender a demanda por maquinário das usinas, se a queimada fosse proibida em todo o Estado de MS. Rigo e Amarildo refutam a tese.

Para cada mil hectares de cana seriam necessários dois tratores e uma colheitadeira para abolir a queimada. Amarildo fez uma consulta à John Deere, principal fabricante de maquinário agrícola, para saber qual a capacidade máxima da indústria diante de um quadro de proibição imediata da queimada em MS. A resposta da indústria de maquinário deve sair amanhã.

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