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Rejeitada por estar “fora dos padrões”, modelo supera discriminação e vira Miss
Quando falamos em modelo, a primeira coisa que vem à cabeça são aquelas mulheres altas e magras, frequentemente vistas nas passarelas mundiais, ensaios fotográficos e mídia. Entretanto, neste segmento há outro tipo de mulher que vem brilhando e conquistando o seu lugar: as modelos plus size.
Plus size significa "tamanho maior" e foi um termo dado para definir o manequim que passavam da numeração convencional das lojas de roupas, acima do tamanho 44. Atualmente, agências de modelos, logistas, marketing e produtoras já incluem modelos plus size em suas propagandas. Aqui no Brasil, a modelagem tem ganhado cada vez mais espaço.
Em Mato Grosso do Sul, Cinthia Vigiani, de 24 anos, moradora de Corumbá, conquistou a faixa de Miss Plus Size depois de superar preconceito e aprender valorizar cada curva de seu corpo. Ela conta que a discriminação começou quando a jovem, formada em ciências contábeis, era rejeitada nos trabalhos como modelo ainda quando criança.
“Quando eu era pequena, sempre participava de concursos de beleza e minha família, principalmente o meu pai, sempre me apoiava. Mas com o tempo, eu não conseguia mais trabalhos por estar fora dos padrões e então, acabei deixando esse sonho de lado”, disse Cinthia ao Portal Correio do Estado.
Sempre ouvindo que tinha um rosto bonito, mas precisava emagrecer, ela não se abalou, porque a autoestima estava sempre mais forte que qualquer comentário maldoso. “Eu sempre me senti bonita e meus pais sempre disseram que não precisa ser magro para ser bonito. Não existe padrão algum”, afirmou.
Ela sofria indiferença tanto em lojas de roupas, quanto na escola, onde chegou a recorrer à tratamentos com pílulas de remédios importados. “Isso não durou muito, porque chegou em um momento que eu pensei ‘não, isso está errado’, foi aí que parei e finalmente aceitei o meu quadril, minha cintura, meu corpo”, contou Cinthia.
OROADA
O apoio familiar continuou firmemente até que em 2014, a jovem foi em uma loja para provar roupas e a proprietária se encantou com sua beleza, onde então, virou garota propaganda. No ano seguinte, com o apoio de todos ao seu redor, principalmente do marido, ela se encorajou e se inscreveu na etapa estadual do concurso para as mulheres curvilíneas.
Em 2015, quando havia até se esquecido de que havia se inscrito, Cinthia recebeu uma ligação da organização do concurso, dizendo que a modelo se encaixava nos critérios de miss e o convite para o posto foi feito em seguida.
Não houve etapa presencial, pois o número mínimo para que acontecesse, 20 mulheres, não foi atingido. “Eles me disseram que apenas eu e mais três meninas haviam se candidatado pro concurso, número totalmente inferior aos demais Estados do país”, relatou a Miss.
Cinthia foi coroada como representante Estadual no concurso de beleza e agora, seguirá para a disputa nacional, que acontecerá em março de 2017 na cidade sede do concurso, São José do Rio Preto.
SAÚDE
Para quem acha que magreza é sinônimo de saúde e ser gordo é sinônimo de doença, Cinthia faz questão de dizer ao contrário. Com bateria de exames e visitas constantes ao médico, a contadora diz que não deixa de cuidar do corpo e do bem estar.
“Eu não sou obesa, eu tenho sobrepeso. Busco sempre me movimentar e fazer exames, minha saúde tem que estar em dia e tenho consciência de que agora sou referência para várias garotas, assim como acompanhava as outra modelos plus sizes, antes de me tornar uma”, descreveu.
EXPECTATIVA E CONSCIENTIZAÇÃO
Ansiosa para sentir de perto o calor do concurso e das outras misses, Cinthia diz que as expectativas para a etapa nacional do Miss Brasil Plus Size Oficial, são as melhores possíveis.
Fã de modelos como Cléo Fernandes, Flúvia Lacerda e Aline Zattar, Cinthia acompanha o concurso desde 2012 e não imaginava que um dia estaria na competição.
“É um sonho que estou realizando, quero conhecer coisas novas, representar o Estado e servir de inspiração para outras mulheres. Quero também conscientizar outras famílias a aceitarem seus filhos a serem como são, pois o preconceito muitas vezes vem do âmbito familiar”, finalizou.
CONTATO
Para o concurso, ela passará cerca de uma semana na cidade do interior de São Paulo e por conta das atividades que vão acontecer no evento, haverá custos. “É preciso pagar a taxa de inscrição, sendo que eu terei direito só a produção do dia do desfile, o translado na cidade, hospedagem, o restante, é por minha conta. Patrocínio será importante”, explicou a Miss.
O telefone de contato da modelo é (67) 9 9102-7778 ou (67) 9 9331-6204. O e-mail para mensagem é [email protected] e ela também tem perfil no Facebook.