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Recordando a Copa: Mauro, o capitão que soube esperar

CBFnews - 30 de outubro de 2004 - 09:55

Mauro Ramos de Oliveira, o capitão da Seleção Brasileira bicampeã do mundo, foi um jogador que soube esperar. Reserva de Pinheiro na Copa do Mundo de 1954 e de Bellini na de 1958, sem ter disputado um jogo sequer, Mauro ganhou no Mundial do Chile, em 1962, não só a posição de titular como a braçadeira de capitão.

No dia 17 de junho de 1962, após a vitória de 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, o então zagueiro do Santos pôde repetir o gesto do amigo Bellini de quatro anos antes na Suécia: ergueu a Taça Jules Rimet no Estádio Nacional, em Santiago. O Brasil era pela segunda vez a melhor seleção do mundo.



Nascido em Poços de Caldas, em 30 de agosto de 1930, Mauro morreu em 18 de setembro de 2002. Zagueiro de estilo clássico, projetado no São Paulo, onde ganhou títulos paulistas, Mauro fez parte do grande time do Santos bicampeão mundial interclubes em 1962. Do Santos, transferiu-se para o futebol mexicano - jogou no Oruro e no Toluca, onde encerrou a carreira em 1970.

De jogador passou a treinador. Dirigiu Coritiba, Santos e Jalisco, do México. Voltou ao Brasil, em 1974, para se retirar de vez do futebol, passando a ter uma vida em que era avesso a entrevistas, lembranças, tudo que fizesse parte do passado no esporte. A filha Sílvia acompanhou todo esse período sem saber se o pai guardara alguma mágoa do futebol.

- Acho que não, pois não teria motivos, já que foi um jogador vitorioso e bem-sucedido. Mas não gostava de dar entrevistas, alegava que já tinha feito muito pelo futebol e que chegara a hora de viver - conta Sílvia.



Sílvia lembra, no entanto, que o pai acompanhava o futebol, assistia aos jogos e vivia momentos felizes ao lado de ex-companheiros em encontros que se sucediam toda primeira segunda-feira do mês. O futebol era o assunto predominante.

- Eles se reuniam no restaurante Fuentes, aqui em São Paulo, em um almoço que terminava no final da tarde. Meu pai gostava muito de recordar os tempos de jogador com os amigos - conta Sílvia.

Entre os amigos mais próximos, estava Bellini, o rival de posição em duas Copas do Mundo - eles se respeitavam desde a época de jogadores. O que torna a história do Mundial de 1962, no Chile (quando Mauro teria exigido do técnico Aymoré Moreira a vaga de titular), muito mais parte do folclore que cerca o futebol do que propriamente realidade. Bellini esclareceu o episódio em entrevistas anteriores.

- O Mauro era um grande jogador, elegante dentro e fora de campo, e seria incapaz de um gesto desses. O que aconteceu foi que eu me machuquei no período de preparação para a Copa, ele passou a jogar e ganhou a posição - diz.

Bellini é um dos muitos que garantem ter sido Mauro um craque na zaga. A filha Sílvia viu o pai jogar no fim de carreira, não tinha idéia de quanto o pai era considerado um grande jogador, o que pôde comprovar na sua atividade como comissária de bordo da Varig.

- Sabia que o meu pai tinha sido excelente jogador, mas não tinha idéia de como as pessoas gostavam dele. Quando descobrem que sou filha do Mauro, as pessoas não param de elogiar. Dizem que foi um dos melhores zagueiros que viram jogar - conta.

Sílvia, mãe de Caio, Mauro Júnior (pai de Marina e Mauro Neto) e Marcos são os filhos de Mauro Ramos de Oliveira, que ficou viúvo em 1983, de Eni - ele não se casou mais. Marcos morou nos Estados Unidos, foi jogador de basquete e é pára-quedista. Mauro Júnior, o Maurinho, foi quem tentou jogar futebol, como zagueiro do Nacional (SP).

- Mas era diferente do papai, que jogava na bola e era técnico. O Maurinho gostava mais de dar chutão - revela Sílvia.

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