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Ração especial permite enriquecer o leite

Agência Brasil - 28 de janeiro de 2004 - 13:35

Um leite com mais proteína, menos gordura e com propriedades anticancerígenas. Este produto, criado por cientistas do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e da Universidade de Cornell (Nova York), é formulado com a adição de um composto de ácidos graxos na ração dos animais leiteiros.

Além da melhor qualidade do leite, a ração especial pode aumentar a quantidade de litros produzidos pelos animais. Segundo o pesquisador Dante Pazzanese Lanna, da Esalq, um tipo de ácido linoléico presente na ração, ao ser absorvido pelo animal, inibe o processo de síntese de gordura em seu organismo - tanto no tecido adiposo, quanto na glândula mamária. Experimentos conduzidos em colaboração com a Embrapa demonstraram que, ao sintetizar menos gordura, o animal tem suas exigências dietéticas de energia reduzidas.

"Ele precisa comer menos, porque sintetiza menos gordura, ou come o mesmo e produz mais leite, que é mais diluído", declara Lanna. O pesquisador explica que o estudo começou a ser feito objetivando de entender o que regula o teor de gordura do leite. "Sabíamos que os animais naturalmente apresentam a síndrome de baixo teor de gordura do leite. Ainda em Cornell, um colega identificou que esta síndrome era causada por um composto produzido no estômago deles, que aparecia com o uso de certas rações." Ao identificar o composto (o ácido linoléico conjugado, ou CLA), a equipe descobriu como fabricá-lo em laboratório e como manipular sua produção. "O ácido está no óleo de soja, então o empregamos para o processo de desenvolvimento da ração."

Lanna informa que os estudos dos efeitos do CLA se iniciaram ainda quando estudava na Universidade de Cornell, mas foi com a equipe da Esalq que ele demonstrou o aumento no teor de proteína. "Foi também na Esalq que identificamos a possibilidade de aumentar a produção de leite".

O cientista diz que hoje o consumidor da bebida procura mais as versões desnatadas e semi-desnatadas. Por outro lado, vem caindo o consumo de leite integral e manteiga (sub-produto da fabricação de leite desnatado). "Portanto, a gordura do leite tem perdido seu valor ao longo das últimas duas décadas. O resultado da pesquisa contribui para deixar de produzir algo que tem valor decrescente e simultaneamente aumentar a produção de proteína do leite, cada vez mais valorizada."

Hoje, a empresa detentora da patente do produto o está apresentando para órgãos regulatórios dos EUA e Canadá. Ele passará por uma série de estudos com o objetivo de comprovar suas propriedades e segurança. O processo levará entre dois e três anos, segundo Lanna. "Esta empresa está montando uma fábrica na Europa, visando os mercados europeu e norte-americano."

A patente da descoberta pertence à Universidade de Cornell (para o efeito sobre o teor de gordura) e à USP e Fapesp (no caso do efeito no teor de proteína e produção de leite). Agora que a técnica passou para o setor privado, o grupo de Lanna trabalha em outra frente de pesquisa: estudar mecanismos que permitam que o próprio animal transforme as gorduras da dieta em CLA dentro do estômago, em vez de produzir o composto em laboratórios para depois adicioná-lo à ração. "Estamos tentando entender quais são as bactérias no estômago dos ruminantes que produzem esses CLAs. A intenção é aumentar a concentração destas substâncias benéficas à saúde e capazes de alterar a composição do leite", diz ele. (Agência USP)

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