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Quer conhecer Machu Picchu? Cansa, mas é melhor ir por conta própria

Lucas Arruda - 26 de julho de 2015 - 05:28

Quer conhecer Machu Picchu? Cansa, mas é melhor ir por conta própria

Ir para Machu Picchu é o sonho de onze entre dez viajantes. A minha expectativa em chegar na mágica cidade Inca era imensa.

Antes de ir pesquisei bastante na internet e na maior parte das vezes era sempre dito que o lugar é caro. Não desanimei, pois pensei o mesmo de Cusco e me surpreendi, já que foi um dos lugares mais baratos que visitei durante três meses de viagem.

Para chegar a Machu Picchu, como em quase todos os pontos turísticos, há duas opções: ou você contrata uma agência para fazer a tour ou vai por conta própria.

A agência mais barata que encontrei para dois dias e uma noite cobrava US$ 100, com a ida e volta de van, refeições, estadia num hotel e entrada a Machu Picchu inclusos. Acabei ficando craque no câmbio, pois uma hora tinha que ver o preço das coisas em dólares, outra em soles e sempre fazer as contas do meu dinheiro em real ainda.


Também há outros pacotes em que o turista pode pegar o trem (caríssimo, de Cusco Águas Calientes, cidade a qual Machu Picchu pertence, e custa US$ 127) ou fazer trekking de três ou quatro dias, depende do que escolher. Mas esses pacotes são ainda mais caros.

Não achei um preço alto. Mesmo assim, depois de ler sobre algumas pessoas que foram sem agência e receber dicas de alguns amigos, decidi ir sozinho. Foi uma escolha muito certa, gastei bem menos do que pessoas que vão por agência e ainda tinha a liberdade de fazer o que quiser, sem horários determinados e uma volta programada.

Saí sozinho de Cusco às 21h de uma terça-feira, com uma mochila pequena. O mochilão deixei no hotel, a idéia era voltar depois de dois dias. Na passagem de Cusco a Santa Maria, primeira parte do trecho para chegar a Machu Picchu, paguei PEN 15 (R$ 15). A viagem durou 6 horas, uma dela parado no breu da estrada por conta de algo que quebrou no ônibus.

De Santa Maria você deve pegar um carro até a usina hidroelétrica da região, último ponto que os carros podem chegar antes de Águas Calientes. Foram mais PEN 15 (R$ 15) e três horas de viagem.

Queria ter feito o percurso de dia para ver a paisagem, mas na volta vi que foi muito melhor tê-lo feito no escuro.

Cheguei na hidroelétrica por volta das 6 horas da manhã de quarta-feira, junto com o sol. Lá começou o verdadeiro teste de resistência: comecei a caminhada nos trilhos que levam até Águas Calientes. São daquelas caminhadas que parecem nunca ter fim, mas o percurso ao lado do rio Urubamba, entre as montanhas do Vale Sagrado, valeu cada músculo dolorido. Depois de pouco mais de duas horas venci o percurso, que descobri ter 10 km.

Estava morto quando cheguei à pequena cidade. Mal sabia que era só a primeira parte do teste de resistência. Descansei um pouco e comi um pão que tinha levado precavidamente de Cusco. Garrafas de água também são indispensáveis.

Comprei a entrada de Machu Picchu (dessa despesa não tem como se livrar) por PEN 128 (R$ 128). Existem duas opções para ir até a cidade inca de Águas Calientes: você pode ir andando e enfrentar uma subida de uma hora e meia (ou mais, depende do condicionamento físico), ou pagar US$ 12 e ir sentado por 20 minutos num ônibus.
Escolhi a mais fácil, pelo meu bolso, claro. Cada passo era um arrependimento, o que me consolava e encorajava eram as outras pessoas que também cometiam este ato de insanidade e a vista maravilhosa que tinha.

Na porta de Machu Picchu vi que o lugar realmente é muito visitado. Filas com centenas de pessoas esperando para entrar. A sorte é que não é demorado, em dez minutos você está dentro do mágico lugar.

Estar em Machu Picchu é uma sensação indescritível, até o cansaço passa. Entrei e olhei só para o lado direito das ruínas e fui indo, pensando que todo o passeio seria aquilo. É sempre bom passar ao lado de alguns grupos, pois assim dá para ouvir (em espanhol ou em inglês) os guias falando sobre a história de cada pedaço do lugar.

Quer conhecer Machu Picchu? Cansa, mas é melhor ir por conta própria
Fui andando e descobri que Machu Picchu é gigantesca. Ainda havia o Templo do Sol para visitar, a Ponte do Sol e uma montanha, o que me animou e desanimou ao mesmo tempo, por conta do cansaço.

Subi mais 40 minutos e cheguei ao incrível Templo do Sol, onde parei para descansar e ler um pouquinho.

Desci e descobri que não podia ir até os outros pontos da cidade, pois teria que ter pago uma boa quantia a mais por isso no momento da compra da entrada. Fiquei feliz, pois não ia ter que dar mais longas caminhadas lá dentro e com o sentimento de que terei que voltar uma vez mais para conhecer todo o lugar.

Era hora do último momento da saga.

A fila para pegar os ônibus de US$ 12 era imensa e diferente da entrada, não era nem um pouco rápida. Uma chuva fraca e o grande cansaço quase me fizeram esperar para pegá-lo, mas decidi terminar o passeio andando, (já era quase 16 horas). Voltei para Águas Calientes e foi a vez de andar um pouco mais para encontrar um lugar para repousar.

Como havia lido na internet, pensei que seria muito caro, mas encontrei hotéis com preços acessíveis, cerca de PEN 20 (R$ 20) a diária, muito mais barato que aqui. Mas decidi ficar no hostel Super Tramp, no qual trabalhei no bar em troca da estadia e comida, a não ser no primeiro dia que paguei PEN 30 (R$ 30), não aguentava mais ficar em pé.

No hostel, deitei na cama por volta das seis da tarde e só levantei na madrugada do outro dia. Ainda fiquei por ali mais três dias. Uma pena eu não ter visitado as piscinas naturais de águas termais na cidade, mais isso cria mais um motivo para voltar.

No domingo, quando estava voltando para Cusco, fiz o percurso de volta de dia. O Vale Sagrado Inca é um espetáculo, mas o medo é o grande companheiro por ali.

As estradas ficam à beira de grandes penhascos e nelas só passam um carro, mas sempre vem outro na contramão. Neste momento eu sempre pensava que minha viagem iria terminar por ali, já que na volta estava do lado de fora da estrada, mas incrivilmente os dois carros passavam.

Voltei para Santa Maria e dali voltaria para Cusco. Agora é seguir a viagem!

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