Dia 25 de abril de 2019 completando 39 anos. Aquela análise de minha caminhada é inevitável. Quando tinha 14 só me apresentada como quase 15, naquele afobamento de adolescente querendo envelhecer. Hoje já nem tento esconder, nem diminuir.

Coisa que a maturidade traz para sua vida é saber que rótulos são limitadores. É difícil se livrar deles, socialmente nos prendem, nos colocam em caixinhas, como essa da idade: você não tem idade para isso, você já passou da fase, uma mulher na sua idade? É necessário um exercício diário de questionamento, o inevitável “por que não?”.

Porque sim é melhor. Porque me faz feliz, porque me sinto bem, porque quero, oras!

Os nãos são necessários, é difícil aprender a dizê-los, nos liberta de querer sempre agradar o outro.

Isso tudo faz parte de um processo de autoconhecimento, onde resgato velhos hábitos esquecidos, que sempre me fizeram feliz, onde adquiro novos que me deixam feliz, onde me pergunto sempre, desde planejamento para o futuro até a próxima refeição, nas coisas mais profundas e nas mais simples: o que quero? O que me faz feliz?

Também faz parte lidar com a culpa, voltando aos padrões sociais que nos impõem, especialmente quando se é mãe. Nossa, como nos julgam!

Amadurecer é melhor que envelhecer, nos (re) significa na vida. Nos faz perceber que o mais importante da vida está na simplicidade, na rede na varanda, no pé de boldo plantado, nas amizades conservadas, nas novas conquistadas, nos momentos de afeto em família, nas risadas, na playlist do spotify, no filme ou no livro que nos faz chorar ou rir, nas viagens, nos momentos, nas memórias afetivas.

Com essas percepções, brindo a nova idade (com Heineken e não com gim), porque hoje sei o que gosto de beber, de comer e me permito correr para garantir essas doses de alegria.

*Dra. Graziele Carra Dias é Defensora Pública em Campo Grande, atuante no Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher.