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Quando param de ‘ficar’ e namoram, preservativos acabam

Agência Notisa - 04 de julho de 2006 - 08:10

Pesquisa mostra que idade da primeira relação sexual e pertencer a um determinado nível social estão diretamente associados à utilização do preservativo, além do número de parceiros e a mudança do estatuto do relacionamento.

A epidemia da AIDS e a gravidez na adolescência deram visibilidade à sexualidade juvenil. As diferentes formas de intervenção direcionadas para o público jovem resultaram na difusão e no aumento do uso de preservativos entre eles. Contudo, se o uso de preservativo aumentou entre os jovens, ele ainda não é utilizado por todos e nem em todas as relações sexuais. Isso porque esta prática é determinada por fatores não só de ordem sócio-cultural, como também pelo contexto e por questões individuais. Isso é o que mostram Ana Maria Teixeira e equipe da Universidade Federal de Pelotas em um estudo realizado com 4.019 jovens de 18 anos a 24 anos, de ambos os sexos, nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador, em 2002.

Segundo os pesquisadores, em artigo publicado na edição de julho de 2006 dos Cadernos de Saúde Pública, “o estudo teve por objetivo identificar quais são os fatores relacionados ao uso do preservativo pelos jovens. Para tanto, foi analisada a declaração de uso do preservativo em dois eventos da trajetória dos jovens, a primeira e a última relação sexual”. Todos os jovens foram submetidos a um questionário.

Os resultados mostram que o pertencimento social e a idade da iniciação sexual apareceram associados ao uso do preservativo nos dois eventos estudados, exercendo forte influência para ambos os sexos. “Neste estudo, o pertencimento social aparece como mais decisivo no comportamento dos jovens do que outras variáveis de cunho mais individual, como é o caso da escolaridade do entrevistado. Na iniciação sexual, a escolaridade da mãe está associada ao uso de preservativo para ambos os sexos, chegando a superar a do entrevistado como fator determinante, como é o caso entre os rapazes”, afirma a equipe no artigo.

Um outro achado interessante do estudo é o de que o uso do preservativo na iniciação sexual aumenta a probabilidade de uso na última relação. Segundo os especialistas, esse dado mostra que os jovens que usam preservativo na iniciação tendem a manter esta prática no decorrer de sua vida sexual, o que reforça a necessidade de orientação continuada para o estímulo ao uso do preservativo. Vale ressaltar ainda que, além do número de parceiros, a mudança do estatuto do relacionamento, ou seja, de eventual para estável, está relacionado à diminuição do uso de preservativo e ao conseqüente aumento do uso de outros métodos de contracepção, como a pílula anticoncepcional. “Nos relacionamentos considerados estáveis, a prioridade deixa de ser a proteção das infecções de transmissão sexual e passa ser a prevenção da gravidez”, explicam no artigo.

Dessa forma, os pesquisadores ressaltam que o maior uso de preservativo entre os jovens não implica um uso continuado. “Daí a importância de estudos que avaliem a consistência do uso de preservativo e que possibilitem definir estratégias para aumentar a sua utilização no decorrer da vida. Ênfase especial deve ser dada para as mulheres, que se encontram em situação de desvantagem, comparadas aos homens, tanto na primeira como na última relação”, destacam no artigo.

Agência Notisa (jornalismo científico - science jourlism)

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