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Puccinelli diz que vai para a "gerência do sacrifício”

Campo Grande News/ Humberto Marques e Graciliano Rocha - 01 de janeiro de 2007 - 20:31

O primeiro discurso de André Puccinelli (PMDB) já como governador foi marcado pelo destaque às metas administrativas e por críticas veladas ao atual Executivo estadual. Após efetuar o juramento e assinar o termo de posse, o peemedebista usou da palavra para comentar a atual situação de Mato Grosso do Sul, afirmando que, em um primeiro momento, seu governo será voltado para “coordenar a gerência do sacrifício”.

Puccinelli afirmou que a realização de sacrifícios é uma questão de sobrevivência, referindo-se aos R$ 6,4 bilhões de dívida que o Estado tem com a União, e aos cerca de R$ 1 bilhão de compromissos a curto prazo. De acordo com o novo governador, o déficit operacional do Estado chega a R$ 1 milhão ao dia.

Os compromissos financeiros fazem parte da primeira agenda de ações que Puccinelli listou. Durante seu discurso, o governador afirmou que pretende pautar sua relação com o governo federal com a repactuação das dívidas do Estado e da Lei Kandir, “que nos últimos dez anos tirou R$ 1,5 bilhão do Estado”.

O governador também listou o desenvolvimento econômico como uma meta de sua gestão. Nessa área, a agroenergia será um dos enfoques do Estado nos próximos anos. “O petróleo vai acabar, e Mato Grosso do Sul tem condições de liderar a agricultura de energia, gerando oportunidade de emprego e expansão de renda”, discursou Puccinelli.

A desburocratização dos procedimentos para futuros investidores também foi anunciada pelo governador, que também mostrou preocupação com o meio ambiente. “O desenvolvimento sustentável sem passivo ambiental é palavra de ordem, para preservar os recursos necessários para o presente e vitais no futuro”, sublinhou.

Médico por profissão, Puccinelli também disse que a saúde estadual precisa acabar com a “ambulancionterapia” (envio de pacientes de baixa gravidade do interior para tratamento nos grandes centros urbanos), contando com o apoio dos prefeitos para este fim; e que visa dar à educação o enfoque de preparar os estudantes para o mercado de trabalho.

Dois setores mereceram um “puxão de orelhas” do novo governador. Ao comentar os programas sociais mantidos pela atual administração estadual, Puccinelli disse que “a generosidade do Estado não deve gerar sensação de paralisação, pondo a perder o maior patrimônio do Estado, que é a capacidade de luta do povo”. Quanto à segurança pública, além de prometer a integração das polícias, o novo governador prometeu “pulso firme para garantir o direito de ir e vir das pessoas de bem”.

Apesar do tom técnico e crítico das palavras, Puccinelli também demonstrou emoção durante sua fala, embargando a voz em pelo menos duas ocasiões. Ao começar o discurso, o governador abordou o povo de Mato Grosso do Sul, que considerou uma gente “brava, resistente como cerne de aroeira”, palavras que lhe encheram os olhos de lágrimas.

Prometendo lutar até o fim com fé e vencer com trabalho, Puccinelli também se emocionou ao parafrasear a Madre Teresa de Calcutá, que dizia ter o coração nas mãos. “Em Mato Grosso do Sul, no coração da gente”, afirmou, recorrendo ao lema de suas campanhas à prefeitura de Campo Grande e, em 2006, ao governo estadual.

Depois de deixar a Assembléia, Puccinelli seguiu em um carro acompanhado do presidente do Legislativo estadual, Londres Machado, e da primeira-dama, Beth Puccinelli, até a Governadoria, onde recebeu a faixa governamental das mãos de Zeca do PT, diante de um grupo formado por cerca de 300 pessoas. O gesto, alardeado pelo governador que sai, coloca fim a uma gestão de pelo oito anos e abrindo as portas do governo do Estado a principal rival do PT no Estado na última década – que venceu as eleições deste ano no primeiro turno.

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