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PT só aceita CPI ampla de financiamento de campanhas
A bancada do PT no Senado só vai apoiar a investigação por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso Waldomiro Diniz - ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, acusado de pedir dinheiro de bicheiros para campanhas eleitorais - se também forem analisadas pela comissão todas as campanhas eleitorais suspeitas de irregularidades nos últimos anos.
A decisão foi anunciada na manhã desta terça-feira (17) pela líder do partido, senadora Ideli Salvatti (SC), após aproximadamente duas horas de reunião da bancada. A senadora insistiu também na rápida aprovação de uma reforma política, que estabeleça o financiamento público de campanhas e a severa punição de quem vier a pedir ou doar recursos destinados ao pagamento de despesas de candidatos a eleições.
- Se tivermos que trazer o que já está sendo investigado pelo Ministério Público e pela Justiça para o Congresso Nacional, essa investigação terá que ser ampla e deverá incluir, além do caso de Waldomiro Diniz, episódios como o da campanha de José Serra - disse Ideli, referindo-se a uma suposta doação não declarada de R$ 24 milhões feita ao comitê do ex-candidato do PSDB à Presidência da República.
A líder do PT anunciou que apresentaria ainda nesta terça-feira a proposta de uma CPI ampla aos demais partidos da Casa. Ela procurou deixar claro, porém, que considera mais importante o estabelecimento de uma agenda positiva no Congresso Nacional, que inclua a reforma do Judiciário e a reforma política, na qual estaria inserida a proposta de financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais.
- O financiamento público é fundamental para este país. Se não o adotarmos, não teremos partidos fortes e respeitados pela população - advertiu Ideli, após ressaltar que a decisão da bancada do PT havia sido tomada de forma unânime.
Também presente ao encontro, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), apontou igualmente como prioritária a adoção de uma agenda positiva no Legislativo. Em 2003, observou, a agenda incluiu as reformas previdenciária e tributária. Em 2004, disse ele, terá como principais propostas as reformas judiciária e política.
O senador recomendou ao Congresso que olhe para a frente, uma vez que somente a agenda positiva ajudará o país a crescer. Ele classificou o caso Waldomiro Diniz como uma coisa do Rio, ocorrida há dois anos, e disse que, se os parlamentares preferirem olhar para trás, a investigação terá de ser mais ampla.
- Não podemos aceitar que, sendo maioria, investiguemos apenas aquilo que a oposição quer investigar - afirmou Mercadante, ao observar que já estariam praticamente prontas para serem instaladas na Câmara e no Senado, respectivamente, comissões parlamentares de inquérito destinadas a investigar a privatização do setor elétrico e a implantação do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).