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Protesto de grupo gay lembrará Inquisição

Radiobrás Alessandra Bastos - 05 de maio de 2007 - 16:36

O Grupo Gay da Bahia (GGB) vai fazer um protesto no dia 9 de maio, em frente à Catedral de Salvador, na Bahia. O grupo vai distribuir e queimar documentos da igreja que criticam os homossexuais, além de imagens do papa. O local foi escolhido para o protesto porque, segundo o grupo, foi palco de torturas e assassinatos de homossexuais durante o período colonial, quando a Igreja Católica julgava e condenava os "hereges", ou seja, pessoas acusadas de violar dogmas como a heterossexualidade.

O presidente do GGP, Marcelo Cerqueira, diz que o protesto não será apenas contra a discriminação de gays e lésbicas por parte da Igreja Católica, mas também contra outras regras, reiteradas pelo atual papa, como a condenação do divórcio, do uso de da camisinha e da pílula anticoncepcional. “É uma crítica à postura e a favor da liberdade”, afirma Cerqueira.




Ele ressalta que será um manifesto pacífico e que o grupo não é contra os católicos, mas contra o papel “conservador” representado pelo papa, “que semeia a discórdia e é culpado por muitos infectados pelo vírus HIV e por muita gravidez indesejada”, acusa.




Marcelo Cerqueira destaca que a postura da igreja “aumenta o ódio e a homofobia”. Segundo ele, a cada dois dias, um homossexual é assinado no Brasil, muitas vezes, “com requintes de crueldade, muitas facadas ou tiros”. Segundo o grupo, por ano, ocorrem no país mais de cem homicídios de homossexuais. O país não possui registros oficiais sobre as mortes. A contagem é feita pelo GGP por meio de clippings sobre matérias que saem na imprensa. Por isso, o presidente acredita que possa haver um número bem maior. “Só os casos mais chocantes acabam aparecendo nos jornais.”




Para o GGB, não importa se o protesto terá ou não a adesão de muitas pessoas. “Que sejam dez ou quinze, o importante é a abertura do diálogo que queremos fazer”, explica Marcelo Cerqueira. Esta não é a primeira vez que o grupo vai protestar contra os líderes católicos. Nas duas visitas do antecessor João Paulo II, o grupo também se mobilizou e foi às ruas protestar.




No site da organização na internet, encontra-se o documento “O que todo cristão deve saber sobre homossexualidade”, que traz dez pontos com citações bíblicas e dados históricos que mostram, segundo o GGP, que a homossexualidade é tão antiga quanto os registros históricos. Segundo o texto, por exemplo, no antigo Oriente, a homossexualidade foi “muito” praticada. Entre os Hititas, povo vizinho e inimigo de Israel, havia mesmo uma lei autorizando o casamento entre homens 1.400 anos antes de Cristo [a.C.]”.

Fundado em 1980, o Grupo Gay da Bahia é a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil. Desde 1988, o GGP é membro da Comissão Nacional de aids do ministério da Saúde e, desde 1995, faz parte da Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas.


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