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Professores apresentam distúrbios devido trabalho

Agência Notisa - 14 de outubro de 2005 - 08:02

Pesquisa mostra que mais de 50% dos professores da rede municipal de ensino de Vitória da Conquista apresentam sintomas como tensão, cansaço, problemas estomacais, dores de cabeça e tristeza.



Os professores estão expostos, de uma forma geral, a ambientes conflituosos e de alta exigência de trabalho, tais como tarefas extra-classe, reuniões, problemas com alunos e a extensas cargas horárias. E isso pode causar impactos na saúde física e mental deles, podendo chegar até a comprometer suas atividades em sala de aula. Com o intuito de avaliar a associação entre controle sobre o trabalho e demandas psicológicas e a ocorrência de distúrbios psíquicos menores entre professores da rede municipal de ensino fundamental de Vitória da Conquista, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia resolveram fazer um estudo com 808 educadores.



De acordo com artigo publicado na edição de setembro/outubro de 2005 dos Cadernos de Saúde Pública, os professores da rede municipal de Vitória da Conquista eram na maioria mulheres, casadas, com filhos e com escolaridade de nível médio. A equipe observou que “a média de idade foi de 34,2 anos e a de número de filhos foi 2,0. O consumo de bebida alcoólica foi referido por 22,0% dos entrevistados e o hábito de fumar por 7,3%. A realização de atividades domésticas foi referida por 86,7% da população e a sobrecarga doméstica alta foi encontrada para 32,8% das mulheres e para 2,3% dos homens”.



Em relação ao tempo médio de trabalho, os pesquisadores verificaram que foi de 10, com 85,2% deles com vínculo de trabalho estável e apenas 14,8% com contrato provisório. A média de turmas por professor foi 2,4 e a de alunos por sala de aula de 29,4. A carga horária média encontrada foi de cerca de 40 horas por semana. No entanto, além das atividades de ensino, 5,8% dos professores desenvolviam outra atividade remunerada fora da esfera da docência.



No que se refere à saúde mental, 55,9% dos professores apresentaram distúrbios psíquicos menores, destacando-se aí o sexo feminino. Os sintomas mais citados foram: sentir-se nervoso, tenso ou preocupado, se cansar com facilidade, assustar-se com facilidade, ter sensações desagradáveis no estômago, apresentar dores de cabeça freqüentemente e ter se sentido triste ultimamente. A equipe verificou que professores com distúrbios psíquicos apresentaram carga horária semanal em sala de aula significativamente maior do que aqueles sem distúrbios.



Segundo os pesquisadores, “os professores podem controlar algumas questões inerentes ao seu trabalho, principalmente, as que dizem respeito às questões pedagógicas executadas dentro de sala de aula. Mas, ao mesmo tempo, os resultados mostram que o controle destas questões parece não poupar os educadores das demandas globais a que estão submetidos, como tarefas extra-classe, extensa jornada de trabalho, cumprimento de tarefa com prazo curto de tempo, múltiplos empregos etc. O somatório destas demandas propicia o surgimento de efeitos sobre a saúde mental deste grupo ocupacional”.



Agência Notisa (jornalismo científico – science journalism)

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