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Professor critica discriminação em livros didáticos

Agência Câmara - 21 de novembro de 2003 - 13:33

O professor de História da África da UPIS/DF, Anderson Ribeiro Oliva, encerrou há pouco sua exposição sobre as imprecisões da história do continente africano e dos afrodescendentes nos livros didáticos. Ele fez um relato sobre a vida da rainha africana Nzinga Mbandi, que viveu no século XVII na região onde hoje fica Angola, e do líder Zumbi dos Palmares, para ilustrar a falta de representação da África nos livros escolares. "A escola muitas vezes acaba por reproduzir as discriminações que combatemos nos discursos. Alguns livros didáticos contribuem para isso".
O professor mostrou livros didáticos com figuras em que negros aparecem em situações subalternas ou subhumanas, "como se não tivessem tido uma cultura própria anterior a vinda ao Brasil, como se não tivessem resistido à escravidão e à violência que sofreram, como se fossem seres passivos, semi-animais".
O especialista criticou também a maneira como a história da África é contada, aparecendo como lugar de passagem, por navegadores, em uma visão simplista, "quando na verdade a história da África é tão rica e complexa como a de qualquer outro continente". Ele abordou ainda os estereótipos sobre a África, da miséria, da fome, das doenças, das guerras tribais, "que ainda hoje são reforçados pelos meios de comunicação".
Oliva acredita que esse estereótipo pode ter sido gerado porque o trabalho braçal era sinônimo de inferioridade social pela nobreza. Ele enfatiza que esse tipo de estigma marcou os afrodescendentes como supostos seres inferiores por fazerem trabalho braçal.

O evento, que fez parte da II Jornada África-Brasil, está sendo realizado no auditório do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara Federal.



Reportagem - Christian Morais
Edição - Regina Céli Assumpção


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