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Produtores rurais de MS criticam desapropriação
São Paulo - O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Junior, disse hoje (8) que não é favorável à compra de propriedades rurais no sul do estado para que sejam entregues pelo governo a índios da região. Apesar de o governo estadual ter firmado um acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai) prevendo o pagamento de indenização a agricultores prejudicados por demarcações, ele afirmou que a questão não envolve só dinheiro e deveria ser vista com mais critério.
O pagamento pela terra nos preocupa, disse Silva Junior, durante evento da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em São Paulo. A demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul não é uma questão de propriedade privada, mas sim uma questão de soberania nacional.
Ele disse que a região sul do estado, foco da discussão, é uma das áreas mais produtivas do país e abriga em seu subsolo grande parte do Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas de água potável do mundo.
O presidente da Famasul reconhece que, em alguns casos específicos, há necessidade de ampliação de terras indígenas, e garante que a federação está disposta a discutir uma solução para isso. Porém, afirmou que essa solução passa por uma mudança na política indigenista do país.
Os índios precisam de saúde e educação. Só terra não vai resolver, disse. Os índios têm uma taxa de natalidade sete vezes maior do que o restante da população. Você amplia a terra deles hoje e daqui a um tempo eles estão precisando de mais.
A secretária do Desenvolvimento Agrário de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina da Costa Dias, também afirmou que, mais do que a ampliação de territórios, os índios do estado precisam de saúde e incentivo à produção. Ela defendeu, no entanto, o pagamento pelas propriedades demarcadas como reservas indígenas. A demarcação é possível desde que a área seja comprada dos produtores.
Procurada para comentar as declarações de Tereza Cristina e Silva Junior, a Funai não se manifestou até o momento.