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Produtores de 12 estadosm falam com Lula na quarta-feira

Louenço Melo/ABr - 28 de junho de 2005 - 07:20

Produtores rurais de 12 estados e do Distrito Federal vão se encontrar quarta-feira (29), às 11h30, com o presidente Lula para pedir medidas emergenciais que resolvam o problema de inadimplência da categoria, resultado da baixa rentabilidade da última safra, e outras soluções para viabilizar a safra 2005/6. O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, e os presidentes de federações dos 12 estados que mais produzem grãos no país virão a Brasília para o encontro.

Responsáveis por cerca de 40% das exportações anuais, 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e 40% dos empregos do país, os produtores alegam que os planos de safra do governo não atendem às suas reais necessidades. Eles preparam também uma grande manifestação para quarta-feira em Brasília.

Segundo Ernesto de Salvo, os agricultores têm prazo de um mês para começar a preparar a terra, que deve ser semeada em outubro, com a chegada das chuvas. Se não forem atendidos nesta semana pelo governo, o resultado será o colapso do setor, "responsável pelo estabilização econômica do país", afirmou o presidente da CNA.

Na quarta-feira estarão em Brasília 20 mil produtores do Maranhão, Piauí, Bahia, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, Leo Brito, trata-se de um movimento de base, sem qualquer vinculação de ordem política.

"Só queremos o apoio oficial para continuarmos a trabalhar, pois isso é feito em todos os países pelos governos, já que a agricultura é um setor que tem altos e baixos. Não temos nada com o que está se passando na área política, só queremos soluções e voltaremos logo para casa", afirmou Leo Brito.

Já estão estacionados numa área próxima à Granja do Torto, em Brasília, mil caminhões e dois mil tratores que vão participar do chamado Alerta do Campo. Hoje (28) deverão chegar ao Distrito Federal oito mil agricultores, dos 20 mil esperados para a manifestação. Desde a semana passada, o governo vem realizando reuniões para discutir as reivindicações dos agricultores, mas, segundo o presidente da CNA, até agora nenhuma solução concreta foi apontada. Ele destacou o interesse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, nas reivindicações, mas disse que o ministro "não tem sido ouvido pela área econômica".

Na opinião dos produtores, a manifestação desta semana será inédita na capital federal. Ernesto de Salvo disse que deverá haver um grande acúmulo de máquinas na Esplanada dos Ministérios. "Não sei se vai caber tanto trator", afirmou.

No "tratoraço", os agricultores vão reclamar do custo da produção, da queda dos preços agrícolas, da perda da produção por problemas climáticos, da ausência de seguro rural, dos prejuízos com a defasagem cambial e da dificuldade de prorrogação dos financiamentos na negociação caso a caso, em vista da inadimplência atual. Eles querem alongamento dos prazos de pagamento na aquisição de defensivos, fertilizantes, máquinas e outros insumos agropecuários junto aos fornecedores privados.

Outra queixa é a deficiência de logística e infra-estrutura para armazenamento e escoamento da safra, bem como a proibição que os produtores brasileiros têm de comprar defensivos mais baratos dos países do Mercosul, além dos prejuízos com a importação de produtos agrícolas que o Brasil faz do bloco.

"É preciso compatibilizar a redução de receita nesta safra com o vencimento dos financiamentos junto aos bancos e aos fornecedores de insumos para evitar novo ciclo de endividamento", concluiu o presidente da CNA.

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