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Produtor de cana-de-açúcar tem perda de renda

17 de junho de 2005 - 15:08

O Brasil está ampliando as vendas de açúcar e álcool ao Exterior, obtendo maiores receitas de exportação a partir da produção do segmento canavieiro. As remessas de açúcar e álcool somaram US$ 1,26 bilhão entre janeiro e abril, 64,4% a mais que os US$ 766 milhões registrados em igual período do ano passado. Esses números sugerem que toda a cadeia sucroalcooleira passa por um momento positivo, mas na lavoura não há motivos para comemorar. Conforme consulta realizada pelo Projeto Conhecer da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o produtor acumula perda de renda, resultado de alta dos preços dos insumos sem paralela recuperação dos valores pagos pela cana.

Nas duas últimas safras, os fertilizantes acumularam aumento de preços de 100%; enquanto que os herbicidas ficaram 45% mais caros e os inseticidas subiram 30%. No mesmo período, o preço da cana registrou desvalorização de 20% em termos reais, explica o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Edson José Ustulin. Foi justamente para obter uma “radiografia” da situação dos produtores de cana que a CNA resolveu realizar consulta diretamente com os produtores. As respostas causam surpresa. Do total de consultados, parcela de 45% informou que os preços recebidos pela cana na safra 2004/2005 não foram suficientes para cobrir os custos de produção. Outro grupo de 32% dos consultados informou ter conseguido apenas “empatar” os custos da lavoura com os valores recebidos na venda da cana.

Os produtores consultados pelo Projeto Conhecer indicaram que uma das prioridades para o setor é reformular o modelo do Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool, o Consecana, indicado como sistema predominante na remuneração da matéria-prima, conforme indicou parcela de 67% dos produtores consultados. Do público total que respondeu ser o Consecana o sistema predominante na remuneração, 73% afirmaram que o sistema não remunera corretamente a matéria-prima. Ainda assim, 68% dos consultados acredita que o aperfeiçoamento do Consecana levará a uma melhor remuneração ao produtor. A proposta de 70% dos consultados é que se crie um modelo de pagamento mais simples e transparente.

“O modelo Consecana foi criado em 1998, mas não foi aperfeiçoado desde então, enquanto que no mesmo período os custos de produção aumentaram sensivelmente e novas oportunidades de negócios surgiram para o setor sucroalcooleiro, como a energia cogerada”, diz Ustulin. Apesar de os produtores afirmarem não receber adequadamente para cobrir os custos de produção, 88% deles informam também que mantém um relacionamento cordial com a indústria. Segundo Ustulin, isso significa que há espaço para negociação, em busca de melhor remuneração da matéria-prima.


Os números da consulta do Projeto Conhecer aos produtores foram divulgados em reunião realizada hoje da Comissão Nacional de Cana de Açúcar da CNA. O grupo discutiu também outras sugestões para o desenvolvimento da atividade canavieira. Uma das sugestões é a de que seja liberada a linha de financiamento “BNDES Automático” para financiamento de investimentos em renovação e ampliação da lavoura de cana-de-açúcar. Também é proposta da Comissão que o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para a Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) financie produtores de cana, unidos em cooperativas, para que formem unidades industriais e comercializem os produtos finais, com valor agregado, ou seja, açúcar e álcool. Segundo argumenta Ustulin, o Brasil precisa aproveitar o momento mundial de grande interesse por fontes de energia renovável e de efeito poluente reduzido, ocupando espaços com a oferta de álcool, mercado no qual o País é extremamente competitivo.

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