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Presa de Bataguassu vence o 1º Miss Penitenciária MS

Ângela Kempfer e Aline dos Santos, Campo Grande News - 27 de novembro de 2008 - 16:11

Minamar Junior
Minamar Junior

Com 1,80 e 64 quilos, a ex-jogadora de vôlei Natalia Helena Andrade, de 22 anos, é a primeira Miss Penitenciária MS. Há 3 anos presa por tráfico de drogas, e com mais 2 anos de pena pela frente, as últimas semanas foram um “refresco” na vida da jovem, vinda de Bataguassu.

Na etapa municipal, concorreu com outras 17 internas. Diz nunca ter participado de qualquer competição como essa, mas depois de vencer a primeira etapa, até curso de postura resolveu encarar.

O título estadual veio nesta manhã, no presídio feminino de Campo Grande, depois de ser avaliada com outras seis meninas em desfiles de trajes esporte fino, roupa de banho e vestido de gala (o de Natalia foi alugado pela prefeitura de Bataguassu).

Ao final, a alegria de ser escolhida, fotos de Miss e uma ajuda para que a partir de agora os dias não sejam mais tão chatos dentro da penitenciária. Natália ganhou uma TV 29 polegadas para levar para a cela.

Ao responder se tem namorado, a nova Miss disse não. Com os comentários de que agora ficaria mais fácil, Natália apenas abriu um sorriso.

Em segundo lugar, ficou Carolina da Silva, de Campo Grande e em 2º lugar, Heidi Caroline, de Rio Brilhante. Também vieram representantes de Ponta Porã, Corumbá, Três Lagoas e São Gabriel do Oeste.

No júri, diretores da Agepen (Agência do Sistema Penitenciário), o empresário Pierre Adri, da Revista Destaque, e a Miss MS deste ano Pilar Velasques. “Para mim o que vale é a beleza”, anunciou o diretor da Agepen, Deusdete Souza Oliveira. “Meu critério é simpatia”, defendeu Pilar.

Ao som ao vivo de banda de pagode e dupla sertaneja, presas da Capital formavam uma torcida organizada e uniformizada.

O evento teve gente ilustre, como a primeira-dama do Estado, Beth Puccinelli, e foi organizado pela mesma equipe responsável pelo Miss MS 2008. Duas tendas foram montadas na quadra, uma para ninguém suar na passarela, outra para maquiagem profissional, cabelereiro e troca de roupas.

O camarim era o principal ponto de agitação. “Eu nunca havia participado de nenhum concurso, mas tive ajuda das amigas e agora estou aqui”, falou entre a mudança de roupa e a maquiagem a candidata de Ponta Porã, Gláucia Barros, de 19 anos.

Verdade - A rotina de prisão quebrada hoje, aos poucos vai sendo lembrada entre um depoimento e outro. A diretora de Campo Grande, lembra que são 370 presas em um local para 218. “E 80% estão aqui por causa do tráfico de drogas”, reforça a diretora Ângela Maria dos Santos Moreira.

A experiência mostra que nos presídios femininos “a mulher fica mais estressada”, diz Ângela, e para piorar há dois anos não existe visita íntima, por falta de estrutura do sistema prisional.

Como muitas são de outras cidades e até de outros Estados, ver a família também é algo complicado. O jeito é se aproximar das outras internas.

No caso de Cássia Janaina, de 20 anos, a única felicidade é estar perto da filha de 5 meses, mas só a possibilidade da menina deixar o presídio, deixa a mãe apreensiva. “Disseram que com seis meses a criança sai daqui”.

As crianças podem ficar com as mães durante o período de amamentação, mas depois são entregues a parentes. No caso de Cássia isso significaria distância. A família é de Cuiabá, de onde ela saiu, com destino a São Gabriel do Oeste, com drogas. Acabou presa e condenada a 6 anos.

De Corumbá, Rosenil Fernandes, também de 22 anos, é outra a cumprir pena na Capital , mas diz que a quinta-feira foi de alegria. “Um dia assim faz a diferença”.


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